quinta-feira, 27 de maio de 2010

As Placas de Kinderhook, parte 1

 "Se a fé não suportar ser investigada, se os pregadores e professores têm medo de tê-la examinada, sua fundação deve ser muito fraca." George A. Smith, 1871, Journal of Discourses, Vol. 14, pg 216.

No dia 23 de abril de 1843, seis placas de latão foram encontradas por um grupo de indivíduos em um monte de terra próximo a região chamada Kinderhook no condado de Pike, Illinois. Seis dias depois, estas placas foram trazidas à presença de Joseph Smith, dada a sua experiência em tradução de escritos antigos e poder de revelação como profeta. Em uma carta escrita por um morador de Nauvoo chamado Charlote Haven, datada de 2 de maio daquele ano, ele descreve o seguinte à sua família:

Sr.Joshua Moore... último sábado(29 de abril)...trouxe consigo meia dúzia de finas peças de latão que parecem antigas, no formato de sinos de cerca de 11 ou 15cm de comprimento.. Elas possuem ranhuras que se assemelham à alguma escrita e estranhas figuras em forma de símbolos. Foram recentemente encontradas, ele diz, em um monte de terra distante poucas milhas de Quincy. Quando ele as mostrou à Joseph[Smith], este disse que as figuras ou escritos nelas eram semelhantes às utilizadas no Livro de Mórmon, e que se o Sr. Moore pudesse deixá-las com ele, as traduziria com a ajuda do poder de revelação.” Charlote Haven, “Letter to my friends”, 2 de maio de 1843, em “A Girl’s letter’s from Nauvoo”, Overland Monthly 16(Dez.1890):629-31

No dia 1 de maio de 1843, o secretário de confiança de Joseph Smith, Willian Clayton, casou o profeta com Lucy Walker e nesta mesma data, Clayton registrou a declaração de Joseph de que as placas de Kinderhook eram genuínas e que ele havia traduzido parte delas. Clayton escreve:

Eu vi seis placas de latão, as quais foram encontradas no condado de Adams por algumas pessoas que faziam escavações no local. Elas estão repletas de inscrições antigas contendo de 30 a 40 caracteres de cada lado das placas. Prest J.[Joseph] traduziu uma porção e disse que contêm a história da pessoa de quem encontraram e que era descendente de Cão, através do lombo do faraó do Egito, e que recebeu seu reinado do governante dos céus e a terra.James B.Allen, Trials of discipleship: The Story of Willian Clayton, a Mormon, Urbana(University of Illinois Press, 1987), 117.

O Apóstolo Parley P.Pratt escreveu de Nauvoo à seu primo, seis dias depois:

[S]eis placas com a aparência de latão, foram recentemente desenterradas de um montículo de terra por um cavalheiro da Pike Co. Illinois, elas são pequenas e cheias de gravações numa língua egípcia que contêm a genealogia de um dos antigos Jareditas do tempo de Cão, filho de Noé... Os cavalheiros que encontraram não são ligados à Igreja, mas trouxeram-nas à presença de Joseph para serem examinadas e traduzidas. [Um] grande número de cidadãos as viram e compararam os caracteres com àqueles dos papiros egípcios que agora estão na cidade.Parley P.Pratt, carta de John Van Cott, 7 de maio de 1843, arquivos, Departamento Histórico, A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Salt Lake City.

Joseph Smith ponderou o suficiente sobre a “história” deste Jaredita, descendente de Cão, ao contrário do que vários apologistas pensam a respeito do evento,  a ponto de pedir à um membro SUD – Reuben Hedlock para fazer uma xilogravura das placas para uma futura publicação. (Para ver as facsímiles destas placas e a defesa de sua autenticidade, veja Smith, History of the Church, 5:372-79)

(continua)
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2 comments:

Anônimo disse...

Antes de qualquer outro tipo de consideração sobre a controvérsia gerada à volta do tema narrado neste artigo cabe-me elogiar o autor do mesmo pela coragem demonstrada ao publicar algumas palavras sobre um tema tão cabalmente nocivo para a reputação do suposto profeta, conhecido por Joseph Smith.

Desde 1980 que se sabe que as placas em questão mais não são do que meros pedaços de metal forjado e gravado no século XIX. Ao contrário das supostas placas de "ouro" utilizadas para "traduzir" o Livro de Mórmon, estas placas ainda se encontram entre nós, mais precisamente em Chicago.

Os relatos da "tradução" feita destas placas por Smith são cabais e não deixam margem para qualquer espécie de dúvida. Tal como é evidente que Joseph não tinha qualquer dom de tradução, divinamente inspirado. Foi enganado, tal como enganou e continua a enganar alguns milhões de seguidores. Argumentar que a autenticidade das placas ainda é uma possibilidade é intelectualmente desonesto. Argumentar que as placas apenas serviram de inspiração a Joseph para receber "revelações" divinas é contrariar as próprias palavras de Smith. As provas da sua charlatanice acumulam-se e somente os mais cegos as podem ingorar. Dissonância cognitiva.

Antônio Trevisan Teixeira disse...

Um erro comum aos que professam as mais variadas religiões é achar que um profeta deve estar 100% certo ou 100% errado, ignorando que são homens mortais e imperfeitos que podem ter o direito a acertar e errar, como qualquer um de nós. Gritar "charlatanice" é tão honesto intrelectualmente quanto tentar defender a autencidade das placas só porque foram alvo da atenção de Joseph.

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