sábado, 14 de agosto de 2010

As testemunhas do Livro de Mórmon e James J. Strang, parte 2

 Em 11 de maio de 1846, Lucy Smith, numa carta a Reuben Hedlock, escreveu:
Estou contente que Joseph designou a  J. J. Strang. É verdadeiro.
Naquele mesmo dia, o ex-apóstolo Willian Smith informou Hedlock: “James J. Strang tem a designação e nós temos a evidência para isto. Toda a família Smith com excessão da viúva de Hyrum apoiou a Strang.” (1)

Willian posteriormente testificou: “Quanto as afirmações do irmão James J. Strang, como o Presidente de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Profeta, Vidente e Revelador, não tenho qualquer dúvida, quanto a sua designação pelo meu irmão[Joseph] e sua confirmação pela administração de anjos... por tanto Jeová tem revelado a mim. “ (2)

Os três Whitmers e Hiram Page leram o folheto de Strang na primavera de 1846 e escreveram cartas de lealdade.(3)

John Whitmer testificou: “Deus sabendo de todas as coisas, preparou um homem a quem ele visitou através de um anjo divino e lhe mostrou aonde estavam alguns registros antigos escondidos... o qual seu nome é James J. Strang.” (4)

Em setembro de 1846, o Voree Herald nomeou Harris como membro do sumo-conselho de Strang em Kirtland e anunciou seu chamado missionário na Inglaterra.(5)
Sobre esta questão, o editor publicou, “Estão envolvidos na fé conosco quase todos os melhores pregadores da Igreja, todas as testemunhas vivas do Livro de Mórmon, com excessão de uma,  e cada membro sobrevivente da família de Joseph Smith.” (6)

Esta testemunha viva que não se juntou com Strang era Oliver Cowdery. Seu pai, Willian Cowdery, converteu-se no verão de 1846. (7) Um ano depois, Oliver se mudou para Elkhorn, Wisconsin, distante doze milhas de Voree,  quartel general de Strang e se associou com a Igreja, muito embora é desconhecido o quão próxima era sua filiação.(8)

É interessante observar que, todos os que assinaram como testemunhas vivas do Livro de Mórmon, com excessão, possivelmente de Oliver Cowdery, aceitaram a James J. Strang como seu líder, chamado por anjos, placas de metal e sua tradução como autêntica.  Esta repetição de um padrão anterior de crença nos leva a questionar como tinha sido relativamente fácil para as testemunhas aceitar as placas de ouro de Joseph Smith como registro antigo. Observando suas formas de pensar nos leva a compreender as origens Mórmons em seus próprios termos.

(1) Lucy Smith à Reuben Hedlock, 11 de maio de 1846; Willian Smith à Reuben Hedlock, 11 de maio de 1846, ambos no publicados no Voree Herald 1 (junho de 1846): [1]; veja também "Brigham Young Manuscript History", 27 de janeiro de 1847, LDS Archives.

(2) Willian Smith à "Church of Jesus Christ of Latter Day Saints" [Strang], 28 de julho de 1846 em Zion's[Voree]Reveille 1 (dezembro de 1846): 3.


(3) Hiram Page à James J. Strang, Abril de 1846, parafraseado por Strang no Gospel Herald de 20 de janeiro de 1848, 206.


(4) Bruce N. Westergreen, ed., "From Historian to Dissident: The Book of John Whitmer (Salt Lake City: Signature Books, 1995), 194. John Whitmer mais tarde adicionou este testemunho.


(5) "Kirtland" no Voree Herald 1 (setembro de 1846): (1-2); veja também Orson Hyde em "Martin Harris", Latter-day saints Millenial Star, 15 de novembro de 1846, 124-28.


(6) "Kirtland" no Voree Herald, [4].

(7) idem., [2]

(8) Stanley R. Gunn, Oliver Cowdery: Second Elder and Scribe (Salt Lake City: Bookcraft, 1962), 189.


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3 comments:

Leonel D'Ávila disse...

Talvez aqueles homens estivessem convencidos que essa era o padrão de Deus, ou seja, chamar um homem como profeta - através da visitação de seres celestiais - e revelar-lhe documentos antigos. Por isso, acredito, que um número considerável de membros - alguns proeminentes - se recusaram a aderir a liderança de Brigham Young.

Antônio Trevisan Teixeira disse...

Flauber, esta conclusão do artigo me chamou a atenção:

"Esta repetição de um padrão anterior de crença nos leva a questionar como tinha sido relativamente fácil para as testemunhas aceitar as placas de ouro de Joseph Smith como registro antigo. Observando suas formas de pensar nos leva a compreender as origens Mórmons em seus próprios termos."

De que forma as decisões deles em relação a Strang nos diz algo sobre seus comportamento em relação a Joseph Smith? Meu ponto-de-vista aqui é que pessoas mudam e são motivadas em diferentes momentos por diferentes motivos. Concordo com, a opinião do Leonel de que eles provavelmente buscaram um padrão para reconhecer um sucessor. Os que permaneceram com Brigham e dizem ter sido testemunhas de uma transfiguração também o fizeram.

Antônio Trevisan Teixeira disse...

Parte da família Smith não se sentiu à vontade com a sucessão proposta por Brigham. Acredito que isso não pode ser ignorado ao analisar o fato de que alguns dos Smith haverem tido simpatia por Strang ou o considerarem um possível sucessor de Joseph. Mas, de qualquer forma, Strang tampouco era um Smith e não colocou/ofereceu a posição de liderança da (sua) Igreja para o herdeiro do ofício de patriarca, conforme estabelecido em D&C 124 e que Joseph Smith havia tentado implementar (ver meu post sobre "Hyrum, o profeta rejeitado"). Tampouco - até onde sabemos - posicionou-se como um guardião para que os filhos de Joseph pudessem encabeçar a Igreja mais tarde (como Sidney Rigdon havia proposto).

William Smith, ordenado pelos doze para ser o novo patriarca, reclamou seus direitos de presidir a Igreja. Brigham Young reelaborou o ofício de patriarca então. William, de temperamento tempestuoso, não aceitou a nova formulação e Brigham o excomungou. William, por sua vez, no papel que reivindicava como líder mpáximo da Igreja, excomungou Brigham e tentou atrair seguidores.Pelo jeito, não deu muito certo.

Por quanto tempo William permaneceu com Strang? No final de sua vida, William aparece associado ao movimento da Reorganização (assim como outros ex-seguidores de Strang).

Seria interessante pesquisar de que forma os Smiths viam a liderança de Strang, uma vez que eles podiam ver a si mesmos (e alguns de fato assim se viam) como tendo precedência sobre os ofícios da Igreja de Cristo. Um dos motivos pelos quais Brigham não gostou da biografia escrita por Lucy Mack Smith, por exemplo, é que ela narra os eventos da restauração na primeira pessoa do plural - não apenas Joseph, mas a família Smith estava por trás dos eventos.

Será que Lucy Mack Smith, mãe do profeta, seguiu Strang no sentido que nós entendemos hoje na cultura sud como "seguir o profeta"?

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