terça-feira, 27 de abril de 2010

O Livro de Abraão, escrito por sua própria mão - parte 1

"É impossível ao homem ser salvo em ignorância." D&C 131:6

Nossa ambientação começa em 1833, em Kirtland, Ohio quando Joseph decide organizar a "Escola de Profetas" aonde ensinaria aos demais membros da presidência e apóstolos inicialmente nada além de que suas revelações. Acordo Parley Pratt que registrou em sua autobiografia eles "oravam, profetizavam e se exercitavam nos "dons do espírito". Este momento da história SUD foi determinante para que se desse ênfase no estudo secular, tanto que seu povo no Missouri construíam escolas antes mesmo de cabanas e celeiros. Com esta idéia, Joseph pareceu querer tornar o estudo algo primordial na vida dos SUD, ainda mais que veio a enriquecer a escola dos profetas com aulas de grego e hebraico contratando um rabino judeu como professor, Joshua Seixas da Academia de Andover. Desta forma os alunos da escola de profetas estudariam gramática hebraica durante os dias da semana e poderiam falar fluentemente "em línguas" aos domingos na Igreja. Enquanto isto na escola secular de Kirtland haviam aberto vagas para incluir classes de adultos para ensinar matemática, geografia e inglês.

Joseph Smith estava numa fase de grande sede de conhecimentos e estudava com grande afinco hebraico e gramática inglesa. Seu professor relatou posteriormente: "Joseph era como um bezerro que sugaria o leite de três vacas. Ele adquiria conhecimento muito rápido. Enquanto Heber C.Kimball nunca chegou a distinguir a diferença entre substantivo e verbo." W.Wyl, Mormon Portraits, Salt Lake City, 1886, p.25. veja Louis C.Zucker "Joseph Smith as student of hebrew", Dialogue II, 41ff.1968.

Joseph estava claramente entusiasmado com os novos estudos e era notado por toda a congregação e registrou em seu diário: " É como se o Senhor abrisse nossas mentes de uma forma maravilhosa." e "para entender Sua palavra no formato original, rogo para que Deus rapidamente nos invista com o conhecimento de todas as línguas e idiomas." "Minha alma se deleita em ler a palavra de Deus no formato original..." "Estou determinado em buscar o estudo das linguagens até que eu começe a dominá-las."

Toda esta preparação estava prestes encontrar um teste à sua altura.

Share/Bookmark

segunda-feira, 26 de abril de 2010

A Palavra de Sabedoria – suas origens

Para quem já está integrado na cultura mórmon já conhece esta norma de conduta dentro da Igreja, mas para quem eventualmente lê o blog e não tem idéia do que venha a ser a Palavra de Sabedoria, eis a explicação.

A palavra de sabedoria ensina que todos os membros que queiram seguir adequadamente a fé mórmon, receber “saúde para seus umbigos e medula para seus ossos”, serem dignos de partilhar o sacramento aos domingos junto com toda a congregação e entrarem nos Templos sagrados e recebererem as ordenanças para si e para seus entes queridos já falecidos devem se abster de fazer uso de certas substâncias nocivas ao corpo humano, especificamente o uso de tabaco, álcool, café, chá preto, drogas prejudiciais. Este código de saúde passou a fazer parte da cultura mórmon através de uma revelação dada ao profeta fundador da Igreja em 1833 e foi publicada em seu livro de mandamentos e revelações modernas mórmon chamado de Doutrina & Convênios seção 89, reproduzida aqui na íntegra:

1 Uma Palavra de Sabedoria, para o benefício do conselho de sumos sacerdotes, reunido em Kirtland, e da igreja e também dos santos de Sião—
  2 Para ser enviada como saudação; não como mandamento ou coerção, mas como revelação e palavra de sabedoria, manifestando a ordem e a vontade de Deus quanto à salvação física de todos os santos nos últimos dias—
  3 Dada como princípio com promessa, adaptada à capacidade dos fracos e do mais fraco de todos os santos, que são ou podem ser chamados santos.
  4 Eis que, em verdade, assim vos diz o Senhor: Devido a maldades e desígnios que existem e virão a existir no coração de homens conspiradores nos últimos dias, eu vos adverti e previno-vos, dando-vos esta palavra de sabedoria por revelação—
  5 Eis que não é bom nem aceitável aos olhos de vosso Pai que alguém entre vós tome vinho ou bebida forte, exceto quando vos reunis para oferecer vossos sacramentos perante ele.
  6 E eis que deve ser vinho, sim, vinho puro de uva da videira, de vossa própria fabricação.
  7 E também bebidas fortes não são para o ventre, mas para lavar vosso corpo.
  8 E também tabaco não é para o corpo nem para o ventre e não é bom para o homem, mas é uma erva para machucaduras e todo gado doente, a qual se deve usar com discernimento e habilidade.
  9 E também bebidas quentes não são para o corpo nem para o ventre.
  10 E também em verdade vos digo: Todas as ervas salutares indicou Deus para a constituição, natureza e uso do homem—
  11 Toda erva em sua estação e toda fruta em sua estação; todas essas para serem usadas com prudência e ação de graças.
  12 Sim, também a carne de animais e a das aves do ar, eu, o Senhor, indiquei para uso do homem, com gratidão; contudo, devem ser usadas moderadamente;
  13 Agrada-me que não sejam usadas a não ser no inverno ou em tempos de frio ou de fome.
  14 Todos os grãos são indicados para uso do homem e dos animais, para ser o esteio da vida, não só para o homem, mas também para os animais do campo e as aves do céu e todos os animais selvagens que correm ou rastejam na terra;
  15 E estes fez Deus para uso do homem apenas em épocas de escassez ou fome excessiva.
  16 Todos os grãos são bons para alimento do homem, como também o fruto da videira; aquilo que produz fruto, seja na terra ou acima da terra—
  17 Contudo, o trigo para o homem e o milho para o boi e a aveia para o cavalo e o centeio para as aves e os porcos e para todos os animais do campo; e a cevada para todos os animais úteis e para bebidas suaves, como também outros grãos.
  18 E todos os santos que se lembrarem de guardar e fazer estas coisas, obedecendo aos mandamentos, receberão saúde para o umbigo e medula para os ossos;
  19 E encontrarão sabedoria e grandes tesouros de conhecimento, sim, tesouros ocultos;
  20 E correrão e não se cansarão; e caminharão e não desfalecerão.
  21 E eu, o Senhor, faço-lhes uma promessa de que o anjo destruidor passará por eles, como os filhos de Israel, e não os matará. Amém.

Bem, quais foram as circunstâncias pelas quais esta revelação nos foi dada e quais são seus desdobramentos hoje em dia? Ora, existem dois tipos de estórias, uma que é passada e repassada dentro da Igreja e outra embasada nas pesquisas históricas do panorama da época, vamos ver ambas.

Para quem é membro SUD, sabe que quando somos ensinados através das aulas, discursos, seminários e institutos da Igreja a estória que vem  sempre atrelada a revelação da palavra de sabedoria é a comumente conhecida de Brigham Young, que descreveu mais tarde no “Jounal of Discourses” que na época, Joseph Smith vivia em Kirtland, numa casa de dois andares, os irmãos se reuniam no andar de cima da cozinha e Emma Smith reclamava constantemente com Joseph da sujeira que deixavam após estes encontros pois “a primeira coisa que [os Irmãos] faziam era acender seus cachimbos e enquanto fumavam, falavam das grande coisas do Reino e cuspiam por todo o chão” e “isto fez com o que Profeta pensasse sobre a questão e ele pediu ao Senhor em oração sobre a conduta dos Irmãos usando tabaco e a revelação conhecida como palavra de sabedoria foi o resultado desta indagação.” Journal of Discourses, Vol.XII, p.158.

Bom, esta é a versão que mais ouvimos na Igreja SUD e até encontramos em alguns manuais, vejamos o panorama histórico da ocasião:

Joseph Smith estava em Kirtland, as coisas na igreja SUD pareciam seguir tranquilas, as únicas discussões mais ferrenhas eram sobre teologia, nestes três anos sem perseguições as únicas coisas registradas pela História da Igreja que aborreciam a paz eram eventuais más-condutas de caráter sexual, bebedeiras de whiskey e heresia.

O sumo-conselho se inclinava para banir de vez o consumo de bebidas alcólicas da cidade mais do que qualquer outra coisa, até mais do que o adultério. O estado de Ohio estava se agitando para instituir a abstinência de bebidas alcólicas. Em 1834 já haviam nos Estados Unidos cinco mil sociedades organizadas que se abstinham de álcool com mais de um milhão de adeptos. A maioria destes estavam concentrados em Nova Iorque e Ohio. Tabaco era chamado na época de “prostrador de nervos, droga paralizadora de almas, uma carnal e ímpia luxúria.” Café era condenado como excitador de paixões e tomar Chá acreditava-se ser tão mau quanto um ponche quente. O periódico popular “Journal of the Health”, publicado entre 1829 e 1835 ressaltava a idéia de que o uso moderado de carne era responsável pelo vigor dos irlandeses e recomendava uma dieta vegetariana.

Bem, estas eram as circunstâncias que antecederam a revelação da palavra de sabedoria que foram dadas acordo palavra do Senhor através de Joseph Smith “não como mandamento ou coerção” mas apenas como um bom conselho de saúde. Tanto é que encontramos relatos de Joseph Smith bebendo em várias ocasiões e inclusive fazendo registro disto em seu diário. Durante um casamento em janeiro de 1836 ele descreve:

Nós partilhamos de um lanche e nossos corações se alegraram com o fruto da vinha. Isto de acordo com o padrão estabelecido pelo próprio Salvador e nós nos sentimos dispostos a partilhar de todas as instituições dos céus.” History of the Church, Vol.II, pp.252 ( para outros relatos veja também pp.369, 378 e 447)
Muito bem, esta era a concepção original da palavra de sabedoria, já tinha sido revelada por Joseph, e era tida apenas como tal qual foi revelada, um conselho, não mandamento e eventualmente Joseph e também outros líderes e membros tinha suas experiências com a bebida. Mas o que aconteceu para se tornar algo como vemos hoje como mandamento?

Quando o Sumo-Conselho resolveu fazer valer sobre si a palavra de sabedoria como mandamento em fevereiro de 1834 e que como regra quanto a desobediência acarretaria em privação de sua posição junto ao conselho, o que seria uma situação embaraçosa perante aos demais membros, Almon Babbit foi trazido à julgamento por beber, este se defendeu dizendo que sabia que era errado mas estava somente seguindo o exemplo do Presidente Joseph Smith.

Até o final daquele ano, no entanto, a pressão em torno de Joseph se tornou mais forte. Sidney Rigdon, um fanático entusiasta da abstinência do álcool em 4 de dezembro de 1836 forçou uma votação de total abstinência, Joseph concordou com a opinião e decisão dos demais membros do Sumo, como resultado, trocou o vinho do sacramento pela água e deixou o Sumo-Conselho fazer o pior;

A revelação eventualmente evoluiu para uma grande questão moral, o uso de chá, café, tabaco e álcool se tornou para o mórmon um divisor de águas, aonde rotulava seus membros como hereges ou desonrados. (Wilford Woodruff’s Journal, citado por Matthias F.Cowley em Wilford Woodruff, Salt Lake, 1909, p.65.)

Share/Bookmark

domingo, 25 de abril de 2010

Outros heróis SUD - parte final

Agora, existem vários outros heróis mórmons, alguns deles são convencionais outros não, mas neles se incluem pessoas como Eugene e Charlotte England, Claudia e Richard Bushman, Peggy Fletcher Stack, Elbert Peck e Daniel Rector, fundadores da revista “Sunstone”, Michael Quinn, que é conhecido no meio mórmon como controverso, Levi Peterson que sempre se manteve firme a favor da liberdade e do livre pensamento e liberdade dentro do mormonismo, Armand Moss que tem publicado muitos de seus estudos e é muito fervoroso, Molly Bennion, Lavina Fielding Anderson que escreveu sobre abusos eclesiásticos dentro da Igreja e que foi excomungada por isto e Darius Grey e Margaret Young, que são grandes campeões da consciência da proibição do sacerdócio aos negros na Igreja mórmon, que nos ensinaram que os negros receberam o sacerdócio antes de Brigham Young sob a imposição de mãos de Joseph Smith e nos fez entender que, talvez era algo que poderiamos ver como oportunidade de crescer e aprender sobre a Igreja. Gregory Prince tem feito um excelente estudo sobre David O.Mackay e o sacerdócio e até gente como Ashley Sanders que é a neta de Neal A.Maxwell, ela tem sido uma campeã incrível pela justiça e pensamento livre no mormonismo ehá centenas e centenas de outros que não estou mencionando aqui nesta apresentação.
Então, o que todas estas pessoas têm em comum?

• Elas não são perfeitas em suas abordagens
• Algumas vezes elas perdem a paciência, dizem coisa que provavelmente não deveriam
• Algumas até perdem sua fé durante sua caminhada...

Mas também têm:

• Uma sede insaciável de “verdade” e “justiça” no mormonismo
• Eles se mantêm firmes pelo que acreditam
• Eles sofrem pessoalmente e algumas vezes dramaticamente pelos seus esforços
• E em muitas vezes eles estão, décadas, ou até várias décadas a frente de seu tempo e sofrem as consequências por isto

Logo, para mim estas são as características de um herói SUD não-tradicional:

• Curiosidade Insasiável (eles TEM que saber a verdade, eles TEM que saber o que aconteceu ou o que está acontecendo, eles infringem sua boa vontade para descobrir
• Descobrem que a verdade está acima até de que sua associação com a Igreja
• Querem se posicionar quanto a verdade, mesmo que tenham que suportar severas
consequências pessoais

Acredito que é importante para nós, para chegar á um nível de maturidade em que todos podemos aprender o valor de TODOS os tipos de heróis no mormonismo, quer sejam os tradicionais que todos respeitamos e reverenciamos mas também os não-tradicionais que talvez nos digam coisas que não nos deixam a vontade , nos fazem sentir tristes ou preocupados, mas nos ajudam a crescer, porque os que eles nos dizem tem baseamento em realidade e eu termino esta apresentação perguntando as duas perguntas mais difíceis de todas, que eu os deixo enquanto ponderam sobre o que leram até aqui.
A primeira pergunta é:

Quais são as questões em que nós (mórmons) estamos errados hoje em dia?
Existem tópicos que nós nos posicionamos, que a Igreja se posiciona que estão danificando e machucando as pessoas e se sim, quais são estas questões?

E se realmente quisermos dar um passo adiante, a segunda questão que eu pergunto a todos nós é considerar:

Quem entre nós hoje em dia está entre os heróis mórmons não-tradicionais? Talvez aqueles que foram punidos por seus pontos-de-vista, como Juanita Brooks, como P.H.Roberts, como Leonard Arrington, como Lowell Bennion, etc. E este é o último comentário que lhes deixo.

Vamos todos pensar sobre quem são estes heróis, quais são suas causas e para aqueles que se sentem chamados, encontrem uma forma de se tornarem mestres destas questões , para que finalmente possam ser resolvidos quer na Igreja, quer em seu país, quer neste nosso grande mundo, mesmo que nós enfrentemos adversidade pessoal ou resistência ou oposição, deixemo-nos aprender das lições de Emma Smith, Fawn Brodie, P.H.Roberts, Leonard Arrington, Lowell Bennion e Juanita Brooks, desta forma poderemos tornar o mundo melhor,e a Igreja num lugar melhor. Obrigado por sua atenção.
John Dehlin
Share/Bookmark

sábado, 24 de abril de 2010

Leonard Arrington, outros heróis SUD - parte 7

Finalmente, um outro herói que quero falar a respeito é um homem chamado Leonard Arrington. Leonard Arrington voce pode ouvir sobre sua história de vida através de sua auto-biografia “Adventures of a Church Historian”. E em seu livro ele fala sobre o fato de que:

•    Ele foi apoiado durante uma Conferência Geral em 1972 como historiador da Igreja SUD
•    Ele iniciou seu chamado sabendo de que teria amplo acesso aos arquivos da Igreja e uma limitada revisão eclesiástica de suas publicações
Então ele abriu seu departamento histórico, contratou historiadores e iniciou a escrever este grande, considerado, estupendo mas honesta história que a igreja não tinha visto na verdade em mais de cem anos.
•    Infelizmente, com o tempo, os irmãos líderes da Igreja ficaram desconfortáveis de como ele representava e com a franqueza, a história. E não era porque de uma outra para outra não era verdadeiro, ele pensou que não era prático ou útil, que desafiava a fé das pessoas, que era difícil e desconfortável.
•    Como tempo, o acesso de Leonard Arrington aos arquivos da Igreja foram se tornando cada vez mais restritos e os seus artigos começaram a passar pelo crivo eclesiástico dos apóstolos e outros líderes da Igreja SUD.

De fato, próximo ao fim de sua admnistração, apareceram um série de políticas impostas pelas Autoridades Gerais durante o exercício de Leonard Arrington:

•    Eugene England e Lowell Bennion não lhe foram permitidos publicar através da ‘Deseret Books’ ou ‘Bookcraft’ por intervenção direta de dois membros do Quórum dos doze apóstolos.
•    Carol Lynn Pearson que escreveu o livro “Goodbye, I love you” entrou para a lista negra das publicações até que ela fosse capaz de “através de orações e lágrimas” reverter seu caso com a ajuda de um membro do Quórum dos Doze
•    Claudia Bushman e Scott Keanney não puderam publicar ou serem mencionados em nada da Igreja por causa de sua ligações com “Exponent II” e a revista “Sunstone”.
•    E vários intelectuais mórmons foram enviados à clandestinidade através de publicando seu material sob pseudônimos, para que não fossem colocados na lista negra.
E todos estes pontos vêm do livro “Adventures of a Church historian”, p.154,  Leonard Arrington.

Foram tempos difíceis estes, chamados por alguns de anos de camelot, no início dos anos 70, quando tudo veio a se romper, após 10 anos o departamento de história da Igreja SUD foi dissolvido em 1982 e Leonard Arrington foi desobrigado como historiador da Igreja em silêncio, fora de uma Conferência Geral.
De qualquer forma, é importante notar que Leonard Arrington manteve seu testemunho da Igreja SUD e da restauração até a sua morte, publicamente e particularmente. Então em minha mente, Leonard Arrington fez um grande trabalho se cercando de outros heróis, heróis não tradicionais mórmons do século XX. Comprometido e partidário honesto da história da Igreja SUD e que perdeu seu trabalho por isto.

Share/Bookmark

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Musical sobre os Mórmons de South Park

Os criadores da comédia animada americana politicamente incorreta 'South Park' estão escrevendo uma comédia musical planejada para estrear na Broadway em Março de 2011.
Trey Parker e Matt Stone escreveram o roteiro e as músicas de O Livro de Mórmon com Robert Lopez, co-criador do musical 'Avenue Q'.
Ele vai contar a história de dois jovens missionários enviados para Uganda para espalhar o evangelho da igreja.
O espetáculo será dirigido por Parker e o diretor Jason Moore de 'Avenue Q'.
Parker e Stone, disseram em uma entrevista coletiva a impressa que o projeto era "um sonho que se tornava realidade".
 
"Crescemos no Colorado, muitos dos nossos amigos eram Mórmons e sempre pensamos que o seu livro iria fazer um grande musical", acrescentou.
o co-autor Lopez disse que o musical seria, "em muitos sentidos, uma tradicional grande comédia musical, como voce pode esperar, abordando assuntos não-tradicionais".
"Eu não posso esperar para ver como o público da Broadway vai reagir quando eles virem", ele acrescentou.
Detalhes sobre o elenco e teatro serão anunciados em uma data posterior.

A dupla criadora do desenho animado 'South Park' já havia feito um de seus episódios dedicados a explorar parte da cultura mórmon quando trouxe ao ar em novembro de 2003, o seu 12o.episódio da 7a. temporada pode ser visto em seu site no link que segue. All about mormons

Share/Bookmark

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Lowell L. Bennion, outros heróis SUD - parte 6

Um outro herói que gostaria de adicionar a lista é o homem chamado Lowell L. Bennion.

Contribuições à Igreja

•    Fundou o Instituto de Religião SUD na Universidade de Utah juntamente com T. Edgar Lyon e lá ensinou por 27 anos
•    Publicou mais de 100 manuais e artigos da Igreja
•    Fundou o ‘Tetons Valley Ranch’ para meninos delinquentes
•    Inspirou inúmeros pensadores SUD, incluindo dos periódicos Dialogue e Sunstone

Ele também já discursou em Conferências Gerais da Igreja várias vezes e foi me dito que em seu funeral Gordon B.Hinckley esteve presente e o homenageou sobre suas contribuições, mas ele entrou em conflito com a Igreja nos anos 50 e 60.
E quais foram as causas dos problemas? Bom, tudo começou com citações como estas:

O maior problema do mundo hoje ... é a necessidade dos homens de todas as raças ... de sentirem seu próprio valor e dignidade como seres humanos. É a minha crença de que os homens brancos não são superiores aos homens de outras raças.

Se tivéssemos fé em Cristo, estaríamos ansiosamente e voluntariamente empenhados em buscar que [todas] as raças tivessem as mesmas oportunidades de educação, cultura, emprego e habitação como nós, que somos caucasianos.
" Lowell L. Bennion, 1965, Instrutor

Uma outra citação que lhe causou problemas na Igreja foi esta:

A retenção do sacerdócio ao negro não é uma doutrina da igreja, é uma prática da igreja, que precisa ser justificada pela doutrina da Igreja ". Lowell L. Bennion, 1968, professor, conselheiro, Humanitário p. 253 Lythgoe Mary Bradford

Na verdade durante os anos 50 e 60, Lowell L.Bennion era um sincero crítico da Igreja SUD que mantinha sua posição contrária quanto a negar o sacerdócio aos negros e que posteriormente isto lhe causou problemas.
Agora, porque isto era um problema?
De um homem se manter firme em defender os direitos dos negros na Igreja Mórmon?
Bem, nós temos citações de Joseph Fielding Smith como estas:

Há uma razão pela qual um homem nasce preto e com outras desvantagens, enquanto outro nasce branco, com grande vantagem. A razão é que nós viemos de um estado pré-mortal, e fomos obedientes, para mais ou para menos, para as leis que nos foram dadas lá. Aqueles que foram fiéis em todas as coisas lá, receberam bênçãos maiores aqui, e aqueles que não foram fiéis receberam menos .... Não houveram neutros na guerra no céu. Todos tomaram partido, quer com Cristo ou com Satanás ..... O negro, evidentemente, está recebendo a recompensa que ele merece. "Joseph Fielding Smith escreveu em Doutrinas de Salvação, vol. 1, páginas 66-67

Um outro apóstolo da Igreja SUD, Mark E.Petersen foi citado dizendo:

Agora somos generosos com o negro. Nós estamos querendo que o negro tenha o maior nível de educação. Eu estaria disposto a permitir que cada negro dirigisse um Cadillac se eles pudessem pagar. Eu queria que eles tivessem todas as vantagens que pudessem aproveitar da vida neste mundo. Mas deixe-os desfrutar dessas coisas entre eles mesmos. Acho que o Senhor segregou os negros e quem é o homem para mudar essa segregação? " Apóstolo Mark E. Peterson comentários durante um discurso dado na BYU 1954, intitulada "Problemas com a raça – como eles afetam a Igreja”

Em 1962, Lowell L.Bennion foi de fato, demitido e as razões que foram dadas e estão documentadas foram:
•    “...fracasso  coerente  para “recrutar ativamente estudantes"
•     "bastante relaxado", insistindo em exigências escolares, dando apenas resultados de aprovação/reprovação, sem distribuição de tarefas ou documentos
•    Não tinha "lutado para o reconhecimento do instituto como uma escola certificada cujos créditos podem ser transferidos"
•     "posição não-ortodoxa sobre a “Questão do negro "
•     "crítica das pressões sobre os missionários para batizar apressadamente na Igreja"  Lowell Bennion: professor, orientador, p. Humanitária 253 Lythgoe Mary Bradford

Ele estava errado?
Bem, acho que não, acredito que ele estava no lado correto da história, de fato David O.Mackay confirma isto:

"McMurrin em seguida descreve parte de sua conversa com março 1954 com[Presidente David O. McKay] em que [o Presidente McKay declarou] sua própria crença de que a proibição do sacerdócio foi política, não doutrinária, e, portanto, suscetível à mudança." David O. McKay and the Rise of Modern Mormonism p. 97 Gregory A. Prince

Pois bem, temos uma citação digna de confiança de que Pres.Mackay acreditava que a proibição do sacerdócio era apenas política e não doutrinária e acreditava que era algo que poderia ser mudado dando margem a acreditar que a mudança era possível se outros apóstolos desejassem que acontecesse.
Então em minha concepção, Lowell Bennion é um dos mais importantes heróis mórmons, que lutou contra a discriminação sobre os negros, era um verdadeiro pensador, apoiando a reconciliação entre pensamento e fé e foi demitido de seu trabalho em parte por sua posição que manteve.

Share/Bookmark

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Site LDS - Read the Scriptures

Para quem ainda não conhece, este é o site 'Read the Scriptures.com' que foi desenvolvido e é mantido por Wayne e Deann Dixon, ambos SUD residentes
de Riverton, Utah.

A idéia do site de leitura digital de escrituras veio quando Wayne estava assistindo a Conferência Geral da Igreja SUD de outubro de 2005 e o então Presidente Gordon B.Hinckley desafiou os membros a terminar de ler todo o Livro de Mórmon até o final daquele ano. Ele pensou em desenvolver um programa para seu uso pessoal que poderia ajudá-lo a fazê-lo e então percebeu o potencial que o novo sistema poderia beneficiar outras pessoas também.
Logo o site foi criado e consiste basicamente em após efetuar o cadastro no site, voce escolhe qual a escritura ou escrituras quer terminar de ler no tempo que voce também determina, deste modo o site começa a lhe enviar por e-mail os trechos da escritura que voce escolheu e a medida que voce lê aquele trecho o sistema vai atualizando e lhe informando o quanto já leu e o quanto falta, ou seja voce lê por demanda. O mesmo sistema só lhe enviará os próximos trechos a medida que for completando os trechos anteriores através de um botão no mesmo e-mail. Os trechos que lhe forem enviados podem ser tanto lidos quanto ouvidos, pois há um link para o arquivo de áudio.

No momento estão disponíveis em inglês todas as escrituras padrão mais, manuais do seminário do novo, velho testamento e livro de mórmon, além de estórias das escrituras, ensinamentos dos presidentes da Igreja - Joseph Smith, manual da escola dominical e algumas revista 'Ensign'.

Quem sabe em breve não sai o mesmo sistema para a língua portuguesa, acredito que pode ser muito útil hoje em dia, levando em consideração de que muitos de nós já nos utilizamos de leituras digitais. Acho que está valendo um e-mail para o pessoal do site sugerindo a introdução da língua portuguesa no site, eu já enviei o meu. Eis o link para o contato com eles, fale com o ReadTheScriptures.com

Share/Bookmark

terça-feira, 20 de abril de 2010

Juanita Brooks, outros heróis SUD - parte 5

O próximo herói que eu quero discutir é Juanita Brooks, uma genial e impressionante mulher.  Vamos voltar um pouco na história e falar sobre ela. Há cerca de 150 anos atrás, em 11 de setembro de 1857:
  • 120 homens e crianças foram executadas a sangue-frio (tiros dados à queima-roupa. Alguns foram dados na cabeça ou na nuca.)
  • 17 crianças foram poupadas. 
  • Mas a Igreja SUD nega qualquer envolvimento mórmon por mais de 100 anos no massacre de ‘Moutain Meadows’ um tempo muito muito longo.
  • Culpou os índios Paiúte pelo massacre.
Se formos voltar na história e lermos os documentos da época qual foi a reação da Igreja:
•    George Q. Cannon, então presidente da missão Califórnia respondeu aos relatos iniciais do envolvimento de mórmons acusando os jornalistas de escrever “calúnias imprudente e malignas” apesar de saberem que os mórmons do sul de Utah eram “tão inocentes... quanto um feto”.
•    O jornal ‘Deseret News’ foi inicialmente lento para comentar sobre o massacre, alguns meses o jornal negou qualquer envolvimento mórmon, então permaneceu em silêncio até 1869, quando ele voltou a negar envolvimento dos mormons.
•    Em 1872, 15 anos após o evento, finalmente Brigham Young excomungou Lee e Haight pelo massacre (informações tiradas do site fairlds.org)

Mas estas são apenas as reações iniciais quanto ao massacre de ‘Mountain Meadows’. Para somar a estas reações, 20 anos após o massacre apenas uma pessoa acabou sendo punida(executada) e este foi John D. Lee em 1877. Presidente Brigham Young foi entrevistado por um repórter e [disse] que considerava o destino de Lee justo. Ele negou envolvimento pessoal, negou que a doutrina da expiação pelo sangue tivesse contribuído no massacre porém afirmou que acreditava na doutrina “e acredito que Lee não tivesse expiado por metade de seu grande crime

•    Ao final dos anos 50, o Presidente SUD David O.Mackay criou um comitê presidido pelo apóstolo Delbert L. Stapley para investigar o massacre de ‘Mountain Meadows’. Este comitê recomendava que Mackay restaurasse a associação de John D.Lee. O presidente Mackay permitiu que um dos netos de John D.Lee fosse batizado em seu favor e então a Igreja restaurou o sacerdócio e a plenitude de associado da Igreja. (fairlds.org)

Como é possível observar, a própria Igreja reconheceu que havia utilizado John D.Lee como bode expiatório no final dos anos 50, no entanto, eles não quiseram tornar esta informação pública, porque as negações constantes e o distanciamento que eles se posicionavam do massacre era algo muito embaraçoso para eles.
Bem, então em 1940-50 uma mulher chamada Juanita Brooks que era uma mórmon devota começa a fazer pesquisas históricas e escreve um livro chamado de “Mountain Meadows Massacre”, onde ela faz um minucioso relato com detalhes históricos sobre o evento do massacre da montanha Meadows. Neste livro, ela reconhece que:
•    mórmons e líderes mórmons locais estavam envolvidos no massacre
•    era injusto jogar a culpa pelo massacre nos índios
•    após o massacre, ocorreu uma grande operação de encobertar os fatos pelos próximos 20 anos na Igreja em todos os níveis para evitar julgamentos e perseguições.
•    John D.Lee foi injustamente utilizado como bode expiatório
•    Queria publicar o secreto, batismo póstumo de John D.Lee

As Reações da Igreja...

•    Juanita Brooks foi...
•    ...marginalizada pelos membros locais e liderança
•    ...ameaçada de excomunhão pelo Elder Delbert Stapley
•    David O.Mackay negou o pedido de excomunhão dizendo “Deixem ela em paz
Mas ela pagou um preço alto por apenas escrever história factual, direta e honesta. Agora se avançarmos a história em cerca de 40 anos após escrever esta história vemos que a Igreja SUD na revista ‘Ensign’ de 2007 escreveu um artigo sobre o massacre de ‘Mountain Meadows’ aonde eles reconhecem que:
•    mórmons e líderes mórmons locais estavam envolvidos
•    que era injusto jogar a culpa no índios
•    apenas John D.Lee foi utilizado como bode expiatório e pagou pelo massacre
e eles foram até mais adiante, num maravilhoso e inspirado comunicado à impressa, Elder Henry B.Eyring é citado dizendo:
Manifestamos profundo pesar pelo massacre realizado neste vale à 150 anos desta data, e pelos incontáveis e desnecessários sofrimentos passados pelas vítimas, e sucessivamente por seus descendentes até o tempo presente. "
A distinta expressão de pesar nós devemos aos índios Paiute que injustamente suportaram a culpa principal por muito tempo pelo que ocorrido durante o massacre ", disse ele. "Embora a extensão do seu envolvimento é contestado, acredita-se que não teria acontecido sem a orientação e estímulo fornecido pelos líderes da igreja local e os membros." Élder Henry B. Eyrin, Apóstolo da Igreja SUD, 11 de setembro de 2007 - Anúncio da Igreja SUD por ocasião do 150º. Aniversário do Massacre de Mountain Meadows ocorrido em 11 de setembro de 1857

Infelizmente nenhuma desculpa foi dada a Juanita Brooks ou reconhecimento sobre esta apresentação do fato que ela foi punida por trazer todo o fruto de seus estudos a luz da verdade.

Mas pelo seu grande mérito, Jeffrey R.Holland, numa transcrição do ‘PBS’ – “The Mormons”
Foi citado dizendo:

[Juanita Brooks] provavelmente ajudou a Igreja a encarar algo que todos nós nunca desejássemos que tivesse acontecido” Jeffrey R.Holland, Apóstolo SUD, Transcrição do PBS – The Mormons
04 de Março de 2006

Então, ela foi punida e marginalizada por basicamente dizer a verdade.
Numa publicação mórmon não-oficial intitulada ‘Sunstone magazine’, o estudioso Levi Peterson é citado dizendo:
Em tudo isso, Juanita tornou-se algo maior do que simplesmente uma historiadora respeitável. Para vários mórmons que, cedo ou tarde, que aceitem a sua interpretação do massacre, ela tem servido como uma dramaturga e uma confessora. Ela confrontou-nos com fatos terríveis e decepcionantes, despertou-nos a tristeza eo arrependimento vicário, em seguida, levou-nos a compreensão e perdão aos nossos antepassados errantes. Igualmente importante, esta corajosa dona-de-casa tem inspirado e encorajado os não-conformistas e os protestantes de todas os tipos entre os mórmons. Inquestionavelmente, Juanita Brooks permanecerá famosa como um dos grandes campeões da liberdade de investigação e do debate aberto na história do mormonismo.”Levi Peterson, Sunstone Magazine, Issue 73

E o mais inspirador é talvez, como Juanita Brooks foi capaz de realizar este meticuloso trabalho de pesquisas históricas sendo mãe, dona-de-casa e professora, Claudia Bushman nos lembra de que:
Ela sempre manteve a tábua de passar roupas aberta e mantinha uma cesta de roupas sujas próximas a sua escrivaninha e quando alguém se aproximava, ela começava a passar a roupa,, então ninguém saberia o que ela estava escrevendo e para completar, Juanita iria viajar num ônibus durante a noite para fazer suas pesquisas em Salt Lake City ou na Biblioteca de Huntington
Claudia Bushman

Um tremendo sacrifício foi pago por esta mulher, por isto para mim esta incrível heróina mórmon, falou a verdade, inspirou os questionamentos sobre a Igreja SUD e sua liderança e sofreu grandemente por isto.

Share/Bookmark

sábado, 17 de abril de 2010

Fawn Brodie, heróis SUD não-tradicionais - parte 4

Uma terceira pessoa que acredito ser uma herói mórmon não-tradicional é Fawn Brodie, e esta pode ser um pouco controversa para alguns. Fawn Brodie escreveu o livro “No Man Knows my History” que foi lançado na metade de 1940 e era uma biografia de Joseph Smith, agora esta biografia é provavelmente a mais controversa escrita dentro do mormonismo. Não foi escrita pela Igreja. E porque foi tão controversa?

•    Fawn Brodie era a sobrinha de David O. McKay-
Foi dada a ela a permissão de pesquisar nos arquivos da Igreja por seu laço de relacionamento com David O. McKay
•    Perdeu seu testemunho sobre a Igreja SUD enquanto estudava sobre a vida de Joseph Smith
-muito provavelmente pelas grandes diferenças que observou sobre o que era ensinado na Igreja na época como verdade sobre Joseph Smith e o que realmente se passou em sua vida, então em seu livro ela foi extremamente bondosa mostrando Joseph com respeito e reverência como um homem brilhante e talentoso mas também:

•    Mostrava Joseph Smith como um charlatão
•    Usava uma análise psicológica em seus temas
•    Foi excomungada por “heresia” 6 meses após a publicação de seu livro

E como forma a solidificar a possível “errônea” idéia controversa, Hugh Nibley escreveu uma resposta ao livro de Brodie chamado de “No Ma’am That’s Not History” , onde ele usa todos os tipos de táticas apologéticas para desacreditar o livro de Fawn Brodie onde eu acredito que ele não responde adequadamente nenhuma das questões e dados históricos levantados por ela. A réplica do livro está mais para um tipo de retórica criticando a autora pessoalmente e sua forma de abordagem.
Mas existem uma outra série de razões pelas quais Fawn Brodie foi tão controversa e está escrita na idéia de que acredito que na metade do século XX Fawn Brodie desmanchou a monolítica, encoberta e imaculada imagem de Joseph Smith, àquela que temos a tendência de idealizar:

•    Afirmou que Joseph Smith se envolveu com busca a tesouros enterrados – uma coisa que muitas pessoas não sabiam e não sabem hoje em dia
•    Discutiu as múltiplas versões da primeira visão de Joseph – que a maioria também não sabia a respeito e não o sabem até hoje.
•    Admitiu problemas com de historicidade do Livro de Mórmon(como a origem dos Americanos Nativos como asiáticos e não Israelitas, etc.)
•    Afirmou ligações entre as cerimônias templárias Maçônicas e as cerimônias templárias SUD
•    Admitiu a desordem da prática da poligamia de Joseph Smith – incluindo poliandria e outras coisas.

Se ela fosse um membro totalmente fiel e devoto da Igreja SUD, e tivesse encontrado todas estas coisas sobre Joseph Smith, tenho certeza de que ela não teria sido punida tão severamente por este livro por causa de seu conteúdo histórico. Agora é interessante fazer o exercício de avancar 60 anos no tempo...
Richard Lyman Bushman em 2006 publicou o Livro “Joseph Smith – Rough Stone Rolling” e neste livro ele:

•    Afirmou que Joseph Smith se envolveu com busca de tesouros enterrados
•    Discutiu as múltiplas versões da primeira visão de Joseph
•    Admitiu problemas de historicidade com o Livro de Mórmon
•    Afirmou ligações entre as cerimônias templárias Maçônicas e as cerimônias templárias SUD
•    Admitiu a desordem da prática da poligamia de Joseph Smith – incluindo poliandria e outras coisas
•    Inclusive ele cita e elogia Fawn Brodie em seu trabalho – e confia em muito de seu trabalho e por seus estudos.

Isto me lembra de uma experiência que eu tive uma vez lendo uma biografia de Martin Luther King Jr. Martin Luther King Jr. era visto por aqueles que escreviam livros de relatos históricos, os relatos idealizados de sua pessoa, como um homem de integridade, um reverendo e um pregador e nobremente lutou pelos direitos civis, foi colocado na cadeia, nos deu estes discursos maravilhosos e por fim deu aos negros os direito ao voto, etc. Mas quando eu li esta outra biografia sobre Martin Luther King Jr. Mostrou um outro lado obscuro dele, aonde ele se envolvia em adultério, prostituição, mostra ele até envolvido em orgias e há transcrições dele de quando Bob Kennedy pede a CIA para grampear sua linha telefônica aparecem uma grande quantidade de linguagem vulgar e profana ditas por Martin Luther King Jr. e eu não podia acreditar na grande discrepância de informações sobre o que eu acreditava sobre esta figura importante em relação a estes outros dados históricos diziam, daí eu voltei para o final de seu livro aonde o autor explicava o porque iria escrever aquelas coisas sobre Martin Luther King Jr. e ele cita o seguinte, que trago sempre comigo:

Idolatrando aqueles a quem honramos, não fazemos nenhum favor a eles ou a nós mesmos. Ao exaltar as realizações de Martin Luther King Jr. num conto de fábulas que repetimos todos os anos, nós falhamos ao reconhecer sua humanidade – seus conflitos pessoais e públicos-  que são semelhantes aos seus e aos meus. Ao idolatrar aqueles a quem honramos, nós falhamos em perceber que podemos ir adiante e realizar o mesmoCharles Willie

E eu gostaria de me utilizar das mesmas palavras de Charles Willie e dizer sobre Joseph Smith:

Idolatrando aqueles a quem honramos, não fazemos nenhum favor a eles ou a nós mesmos. Ao exaltar as realizações de Joseph Smith Jr.  num conto de fábulas que repetimos todas as semanas nós falhamos ao reconhecer sua humanidade – seus conflitos pessoais e públicos-  que são semelhantes aos seus e aos meus. Ao idolatrar aqueles a quem honramos, nós falhamos em perceber que podemos ir adiante e realizar o mesmo. E finalmente, nós nos colocamos numa posição de desilusão em massa quando descobrimos o Google.” John Dehlin, acréscimos em vermelho

Isto é porque Fawn Brodie, para mim é uma heroína. Ela nos ajudou a entender Joseph Smith de uma forma precisa, cuidadosa e honesta que nos permite apreciar melhor suas realizações como um mero mortal x super-herói, mas também nos dá incentivo de que nós também algum dia possa realizar grandes e maravilhosas obras.

Share/Bookmark

sexta-feira, 16 de abril de 2010

B.H. Roberts, heróis SUD não-tradicionais - Parte 3

Dando continuidade a série dos heróis mórmons não-tradicionais, eis o artigo do John Dehlin sobre B.H.Roberts. Bom proveito!

Um segundo herói que acredito merecer um grande voto de respeito é alguém que tem sido esquecido no meio mórmon tradicional é B.H.Roberts.
B.H.Roberts tinha algumas questões em que entrou em conflito no início do século XX e uma das quais era a evolução orgânica. Ele era um grande fã da ciência e escreveu “A Verdade, A Maneira, A Vida”.  A questão  mais importante era a evolução orgânica. Sua afirmação que inúmeras plantas e animais viveram muito anteriormente a cronologia bíblica era controversa.  E era controversa para aqueles que acreditam de que a Terra tem literalmente  6 mil anos de idade, de que não havia morte antes da queda de Adão e Eva e sobre os dinossauros e para todos que ensinam sobre evolução são oriundos de algo basicamente satânico. Logo, é importante ressaltar que B.H.Roberts tinha apoio de apóstolos da Igreja, James E. Talmage e John E.Widstoe ambos compartilhavam do ponto de vista de B.H.Roberts sobre evolução.

Então, como a Igreja de uma hora para outra tornou-se tão anti-evolução, enquanto tinham pessoas como B.H.Roberts, Talmage e Widstoe apoiando a evolução?

A resposta é, pessoas como Joseph Fielding Smith, um bom homem, um profeta de Deus, mas ele não gostava de Evolução e ele é citado em seu livro “Man, his Origin and Destiny” dizendo:
A doutrina da evolução orgânica que domina as ciências dos dias atuais...é tão falsa quanto o seu autor que vive no inferno.”

E se formos recorrer ao seu genro, Bruce R.McConkie leremos “Quão tola e infantil é a intelectualidade qual... encontra conforto nos postulados teóricos de que a a vida mortal começou da escória dos oceanos , como se fosse e tivesse evoluído através de milhões de anos em variedades e estados! Aqueles com perspicácia espiritual realmente acreditam que o infinito Criador de incontáveis mundos iria trabalhar desta maneira?”  (Bruce R.McConkie, Mormon Doctrine)

Então como a Igreja SUD se tornou anti-evolução? Se tornou anti-evolução porque Joseph Fielding Smith e Bruce R.McConkie ultrapassaram Roberts, Talmage e Widstoe.

Mas antes que vocês pensem que eu sou apenas um herege, este é David O.Mckay, como profeta da Igreja, escrevendo para o professor Willian Lee Stokes:
Querido irmão Stokes, sobre o assunto de evolução orgânica, a Igreja não tem uma posição oficial a respeito, o Livro “Man, his Origin and Destiny” de Joseph Fielding Smith, não foi publicado pela Igreja e não é aprovado pela Igreja, o livro contêm expressões das visões do autor as quais ele sozinho é responsável.
Sinceramente seu irmão,
(assinado) David O.McKay


E vocês podem encontrar várias citações da primeira presidência de David O McKay onde ele diz a igreja não toma nenhuma posição sobre morte antes da queda de Adão e a evolução.

Então em minha mente, B.H.Roberts é um outro herói, que nós deveríamos ter respeito, ele teve claras diferenças de opinião com Joseph Fielding Smith, que publicamente o rechaçou e o envergonhou pelo seu ponto de vista mas o importante é lembrar que B.H.Roberts ajudou a criar um espaço no mormonismo para os SUD a favor da ciência e manteve-se firme. Desta forma acredito que lhe devemos nosso respeito.

Share/Bookmark

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Parte 2 - Emma Smith, heróis SUD não-tradicionais

Depois de uma longa espera, eis a segunda parte da série "Os outros heróis mórmons", neste epísódio viajamos um pouco pelo mundo do mágico de Oz e lançamos um novo olhar sobre a perspectiva de Emma Smith, sem mais delongas o artigo, bom proveito!

E para nos ajudar a desenvolver este assunto um pouco mais queria compartilhar um pequeno trecho de uma canção do musical “Wicked”. Nesta música o mágico está falando com Elphaba que é uma bruxa. Eles comentam sobre a História e como ela pode às vezes nos pregar peças. E este é o mágico explicando à Elphaba porque algumas vezes ele se sente um pouco enganado sobre a forma como ele foi ensinado pelos habitantes de Oz:

“(Mágico de Oz) -Você está vendo? Eu nunca tive uma família para mim, por isto sempre quis dar de tudo aos cidadãos de Oz.
(Elphaba) -Então você mentiu para eles
(Mágico de Oz) -Elphaba, de onde eu vim, nós acreditamos em todo o tipo de coisas que não são verdadeiras, nós chamamos isto de História...

Um homem é chamado de traidor, ou de liberal.
Onde um homem rico é um ladrão ou um filântropo.
Onde ele é um desbravador ou um invasor sem-valor.
Tudo depende com qual nome ele será capaz de perdurar.
Existem uns poucos à vontade com as ambiguidades morais,
então nós agimos e pensamos como se eles não existissem...”

Bem, espero que tenha pegado o espírito da coisa, que ele nota sobre o fato de que através da história nós temos a tendência de exaltar as pessoas ou de menosprezá-las ou de uma forma ou de outra temos a tendência de colocar chapéus brancos nos mocinhos ou pretos nos bandidos e na verdade Gregory Prince nos lembra de que “não existem chapéus brancos ou pretos” na história ou na história americana ou história mórmon... Existem apenas pessoas tentando fazer o seu melhor de várias maneiras para ajudar a humanidade ou ajudar a causa. Pode parecer que estou tentando dizer que estes heróis mórmons não-tradicionais que eu falei no início são os de chapéu branco enquanto que os líderes da Igreja são os de chapéu preto, não quero dizer isto, só quero dizer que as coisas são muito mais complexas do que podem normalmente parecer.

Então, vamos  falar sobre alguns deste heróis SUD não-tradicionais os quais eu tenho um grande respeito:

O primeiro que quero falar é Emma Smith, do site JosephSmith.net nós lemos que “O casamento de 17 anos de Joseph e Emma Smith foi abençoado com 11 filhos (2 adotados), dos quais 6 faleceram na infância.”

Um imenso custo que Emma pagou, não apenas por perder 6 filhos a medida que ela apoiava Joseph na restauração, mas também por mais tarde perder seu esposo.

Nos diários de Joseph datado de 1842 ele evidencia isto nas seguintes linhas:

Muitas foram as reverberações em minha mente quando eu contemplei por um momento as muitas cenas que tínhamos passados juntos. As fadigas e os cansaços, as tristezas e sofrimentos e as alegrias e as consolações de tempos em tempos [que] tinham semeado nossos caminhos e coroado nossa família. Oh! que coexistência de pensamentos encheu minha mente pelo momento, mais uma vez ela está aqui ... firme, destemida e inabalável, imutável, afetuosa Emma.”

Estes são as reflexões de  Joseph sobre Emma e como ela era tão importante, amada e fiel esposa.
Bem, se todas estas coisas são verdadeiras, Emma se sacrificou tanto pela Igreja, se ela foi tão corajosa e leal e foi tão amada por Joseph, porque não ouvimos muito sobre ela em nosso tempo como membros da Igreja?

Ora, talvez esta citação feita por Brigham Young  datada de sua época possa dar alguma luz de como a figura de Emma Smith foi colocada de lado ou em uma posição negativa quanto a posição histórica da Igreja:

Pelo meu conhecimento, Emma Smith é a mais extraordinária mentirososa que eu conheci sobre esta terra. Nem seis meses antes da morte de Joseph, ele chamou [a] em um conselho secreto ... Disse-lhe o tempo se encarregou de envenená-la, e ele disse que ela era literalmente uma criança do inferno, que ela era a mulher mais perversa sobre a terra, que não havia mais perversa do que ela
Brigham Young – Utah Historical Quaterly, vol.48, Winter 1980, 82 – From fairlds.org

Bem, é obvio que neste ponto, Brigham estava desapontado com Emma e não gostava do fato de que ela não o seguiu em caravana até Utah e até talvez faça algum sentido de que ele estivesse magoado com ela, mas certamente a influência de Brigham Young alterou a imagem que todos na igreja tinham de Emma Smith, enquanto mesmo Joseph Smith mantivesse uma visão diferente sobre ela.

Bom, vamos estudar Emma um pouco e procurar saber algumas de suas dúvidas principais,
eu diria que as duas principais questões de Emma eram:
Poligamia e Brigham Young
Mas para entender Emma temos que revisar a história da poligamia na Igreja, é dito que Joseph recebeu a revelação sobre a poligamia por volta de 1831, mas aparentemente ele não disse para ninguém (incluindo Emma, membros da primeira-presidência, etc.) inclusive não existem documentos oficiais de Joseph Smith discutindo sobre a poligamia até 1840, dez anos após, posso estar enganado sobre isto. De fato em Doutrina & Convênios de 1835, quatro anos após a dita revelação sobre poligamia ter sido recebida se lê:

“Na medida em que esta Igreja de Cristo tem sido acusada do crime de prostituição e poligamia, declaramos que acreditamos que um homem deve ter uma esposa, e uma mulher apenas um marido, salvo em caso de morte, quando lhes e dada a liberdade de casarem-se novamente.”
1835, Doctrine and Convenants, section 101

Logo, aparentemente, Emma e Oliver Cowdery não lhes foram explicados sobre estas revelações mas no entanto descobriram sobre poligamia ao encontrar Joseph Smith “no ato”
com uma outra mulher. O exemplo é Fanny Alger, que era uma doméstica na casa de Joseph e Emma encontrou Joseph e Fanny Alger juntos e esta parece ser a primeira vez que ela ouviu a respeito e mesmo ali ela não ouviu Joseph dizer que havia recebido uma revelação, no entanto ouviu de Joseph algo como um me desculpe Emma, eu pequei, por favor me perdoe pela minha falta de fidelidade... estas são as minhas palavras, não as de Joseph, mas elas vêm de relatos históricos da ocasião que eu li, logo se você souber de algo diferente me diga a respeito sobre este relato. Mesmo Oliver Cowdery em 1838 foi excomungado da Igreja por ter acusado Joseph de adultério com Fanny Alger e estava claro que ele não tinha conhecimento de nenhuma revelação recebida por Joseph até então. Logo as coisas não estão muito claras a respeito da forma como queríamos, de fato Joseph negou publicamente que praticasse poligamia até a sua morte, e a Igreja não reconheceu a poligamia publicamente até 1850 quando Brigham Young disse”

Os únicos homens que se tornam deuses, até mesmo os Filhos de Deus, são aqueles que entram no convênio da poligamia. Outros podem até atingir uma glória e até serem permitidos entrarem na presença do Pai e do Filho, mas não podem reinar como reis na glória, porque tinha sido oferecida a eles, e eles se recusaram a aceitá-la” Journal of Discourses 11:266

Bem, parece bem confuso. Mesmo quando prometemos parar com a poligamia em 1890, nós continuamos a mantê-la por pelo menos mais 15 anos quando foi necessário um segundo manifesto para pedir ao líderes da Igreja para pararem com a prática ilegal.

Dada esta confusão sobre poligamia, dadas as negações por parte da Igreja e líderes, dados os problemas com as formas que foram lidadas estas situações, conseguimos entender o porque de Emma se negou a apoiar a poligamia e não quis seguir Brigham Young até Utah? Acredito que agora podemos entender sua frustração. Mas a frustração não termina ali. Hoje em Doutrina & Convênios 132:61 lemos:

“E também, no tocante à lei do sacerdócio: Se um homem desposar uma virgem e desejar desposar outra e a primeira der seu consentimento; e se ele desposar a segunda e elas forem virgens e não estiverem comprometidas com qualquer outro homem, então ele estará justificado; ele não pode cometer adultério, porque elas lhe foram dadas; pois ele não pode cometer adultério com o que lhe pertence e a ninguém mais.“

Então nos anais da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias datados de 2010, poligamia é ainda doutrinária e registrada oficialmente em seus livros de escritura-padrão, no entanto quando Gordon B.Hinckley foi entrevistado por Larry King em seu programa “Larry King Live” de 08 de setembro de 1998 e Larry lhe pergunta sobre a poligamia sua resposta é “eu a condeno. Sim, como prática. Porque eu acredito que não é doutrina”. Bem, muitas pessoas irão dizer que ele queria dizer outras coisas, estava falando para uma audiência de não-mórmons, ele queria dizer que as pessoas não praticam hoje em dia, mas estas palavras são chocantes e não poderiamos imaginar Brigham Young ou outros dizendo e nos faz de certa maneira pensar , a poligamia é doutrina ou não? A Igreja certamente não disse que não era e agora temos aí Gordon B.Hinckley dizendo que não é... não o é?
E mesmo Mitt Romney, canditado SUD,  que esteve em 2007 concorrendo a presidência disse

Não posso imaginar algo mais repugnante do que a poligamia” no programa “60minutes”

Qual a diferença principal entre Brigham Young, Joseph Smith as posições de Gordon B.Hinckley ou Mitt Romney e até outros? Ora apenas 150 anos e isto o que mudança na Igreja pode fazer.
Então, até aonde eu sei, acredito que temos sido negligentes com Emma Smith, creio que devemos colocá-la novamente em seu devido lugar em nossa parede da fama como uma heroína na Igreja como alguém que incansavelmente apoiou Joseph e a Igreja e sacrificou de fato tudo pela Restauração, esta então é a heroína número um, Emma Smith, não-tradicional.

Share/Bookmark

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Os outros heróis Mórmons - parte 1

No início das minhas postagens aqui no blog, eu publiquei um video de uma apresentação em powerpoint feito por John Dehlin, um SUD de Utah que mantêm um blog de podcasts chamado Mormon Stories que é uma forma de publicação de arquivos de mídia digital, áudio ou vídeo por exemplo. Como o video está em inglês, fiquei devendo uma tradução do seu conteúdo para possibilitar mais pessoas que falam a nossa língua possam ter acesso a este tipo de material. Como a apresentação é extensa, resolvi dividir a publicação de sua tradução em partes, assim é mais fácil acompanhar as idéias, pesquisar e participar nos comentários, aqueles que quiserem. Sem mais delongas, com voces a parte 1 do artigo "Os outros heróis mórmons".

Vamos começar pensando em alguns dos tradicionais heróis na América, os quais a maiorida dos americanos já conhece. Temos pessoas como George Washington, Thomas Jefferson, Betsy Ross, Abraham Lincoln. Quando olhamos para trás e vemos estas figuras históricas da forma como fomos ensinados a respeito, nós olhamos para elas como pessoas fortes, respeitadas, cheias de integridade que lutaram pela américa e pelos americanos, eles foram bem sucedidos em seus esforços, eles ajudaram a América a ser um lugar melhor.

Mas esta não é toda a estória completa, nós também sabemos que muitos deles, tinham fraquezas, que Abraham Lincoln era depressivo, que ele embarcou numa guerra que matou milhares de americanos e que talvez pudesse ter feito algumas coisas de forma diferente. Thomas Jefferson teve filhos com uma escrava.

Mas o que eles compartilham em comum é que viveram ha cerca de 150 anos atrás, a história tem sido boa com eles e prestamos respeito a eles por várias boas razões. Mas há também heróis americanos não-tradicionais e a maioria deles dos tempos atuais que também merecem nosso respeito. Pense sobre pessoas como Elisabeth Katie Stanton que ajudou a lutar contra os poderes da instituição para que as mulheres pudessem votar, nós não ouvimos muito sobre ela, ou Upton Sinclair um reformador social que lutou contra os males causados pelas  fábricas de embalagens de enlatados de carne. Ou ainda Edward Murrow, um pioneiro das transmissões de notícias pela televisão, Murrow produziu uma série de reportagens televisivas que conduziram à censura do Senador Joseph McCarthy, e sua consequente decadência, bem como a reversão de parte das perseguições políticas que provocou. E também Rosa Parks, foi uma costureira  negra norte-americana, símbolo do Movimento dos Direitos Civis. Ficou famosa, em 1º de dezembro de 1955, por ter-se recusado frontalmente a ceder o seu lugar no ônibus a um branco, tornando-se o estopim do movimento que foi denominado Boicote aos ônibus de Montgomery e posteriormente viria a marcar o início da luta antissegregacionista. E também Malcolm X que foi um dos maiores defensores dos direitos dos negros nos Estados Unidos. Fundou a Organização para a Unidade Afro-Americana, de inspiração socialista. E também Ralph Nader, diplomado pelas universidades de Harvard e Princeton (respectivamente em 1955 e 1958) tornou-se célebre pelas suas campanhas a favor dos direitos dos consumidores nos anos 60 desenvolvidas em conjunto com a associação Public Citizen. Promoveu a discussão de temas como os direitos dos consumidores, o feminismo, o humanismo, a ecologia  e a governação democrática. Nader criticou duramente a política internacional exercida pelos Estados Unidos nas últimas décadas, que vê como corporativista, imperialista, contrária aos valores fundamentais da democracia  e dos direitos humanos. O seu activismo foi de grande importância na criação de grandes organizações governamentais e não governamentais estadunidenses.

Todas estas pessoas foram chamadas de liberais, radicais, perigosos ou até anti-americanos em seus dias, mas eles também compartilham de vários aspectos positivos: lutaram contra uma tradicional e poderosa estrutura na América em que não foram bem recebidos, eles foram contrários as idéias dos conservadores e defensores da América. Eventualmente eles foram bem recebidos pelos progressistas, mas não imediatamente em muitos casos, mas eles estavam desejosos de lutar contra desconfortáveis  problemas internos deste país. E muitos deles sofreram muito por causa de sua posição contrária e acredito que podemos todos concordar que eles estavam a frente de seus tempos em muitos aspectos.

Bem, vamos tomar isto como exemplo e comecemos a pensar no que achamos dos tradicionais heróis mórmons. Pense em pessoas como Joseph Smith, Elisa R. Snow e Mary Fielding Smith e Brigham Young e David O. Mackey e hoje também o presidente Gordon B. Hinckley. Estes todos são heróis! Mas eles todos compartilham das mesmas vantagens dos primeiros heróis no início do meu artigo. Eles representam a instituição, eles definitivamente trabalham duro para manter-se firmes e fiéis a instituição, neste caso, a Igreja, eles trabalham na instituição para melhorar as coisas, eles tem sido bem recebidos e aceitos pela instituição historicamente e eles foram pessoas brilhantes e admiráveis  merecendo assim muito do nosso respeito. Mas há outros heróis SUD não-tradicionais, na mesma esteira de Malcolm X , Elisabeth Stanton ou Edward Murrow que também merecem nosso respeito, este é o motivo desta minha apresentação.

Primeiramente queria apresentar alguns avisos aos navegantes:
Algumas das coisas que apresento em meu artigo, envolve um discussão de conflito entre a Igreja e membros, usarei algumas citações de líderes da igreja palavra por palavra e por este motivo algumas pessoas não se sentem a vontade com este tipo de discussão franca sobre líderes da Igreja SUD, mas deixe-me lembrar o que os próprios líderes da Igreja disseram em 2007:

"A Igreja recebe bem  a curiosidade...[mas] não todas as afirmações feitas por um líder da Igreja, no passado ou presente, constitui necessariamente doutrina. A única afirmação feita por um único líder em uma única ocasião representa muitas vezes uma questão pessoal, embora bem considerada, a opinião, mas não é para ser oficialmente obrigatório para toda a "Igreja". (Approaching Mormon Doctrine,  LDS Church, Newsroom,  4 de maio de 2007)

Share/Bookmark