terça-feira, 20 de abril de 2010

Juanita Brooks, outros heróis SUD - parte 5

O próximo herói que eu quero discutir é Juanita Brooks, uma genial e impressionante mulher.  Vamos voltar um pouco na história e falar sobre ela. Há cerca de 150 anos atrás, em 11 de setembro de 1857:
  • 120 homens e crianças foram executadas a sangue-frio (tiros dados à queima-roupa. Alguns foram dados na cabeça ou na nuca.)
  • 17 crianças foram poupadas. 
  • Mas a Igreja SUD nega qualquer envolvimento mórmon por mais de 100 anos no massacre de ‘Moutain Meadows’ um tempo muito muito longo.
  • Culpou os índios Paiúte pelo massacre.
Se formos voltar na história e lermos os documentos da época qual foi a reação da Igreja:
•    George Q. Cannon, então presidente da missão Califórnia respondeu aos relatos iniciais do envolvimento de mórmons acusando os jornalistas de escrever “calúnias imprudente e malignas” apesar de saberem que os mórmons do sul de Utah eram “tão inocentes... quanto um feto”.
•    O jornal ‘Deseret News’ foi inicialmente lento para comentar sobre o massacre, alguns meses o jornal negou qualquer envolvimento mórmon, então permaneceu em silêncio até 1869, quando ele voltou a negar envolvimento dos mormons.
•    Em 1872, 15 anos após o evento, finalmente Brigham Young excomungou Lee e Haight pelo massacre (informações tiradas do site fairlds.org)

Mas estas são apenas as reações iniciais quanto ao massacre de ‘Mountain Meadows’. Para somar a estas reações, 20 anos após o massacre apenas uma pessoa acabou sendo punida(executada) e este foi John D. Lee em 1877. Presidente Brigham Young foi entrevistado por um repórter e [disse] que considerava o destino de Lee justo. Ele negou envolvimento pessoal, negou que a doutrina da expiação pelo sangue tivesse contribuído no massacre porém afirmou que acreditava na doutrina “e acredito que Lee não tivesse expiado por metade de seu grande crime

•    Ao final dos anos 50, o Presidente SUD David O.Mackay criou um comitê presidido pelo apóstolo Delbert L. Stapley para investigar o massacre de ‘Mountain Meadows’. Este comitê recomendava que Mackay restaurasse a associação de John D.Lee. O presidente Mackay permitiu que um dos netos de John D.Lee fosse batizado em seu favor e então a Igreja restaurou o sacerdócio e a plenitude de associado da Igreja. (fairlds.org)

Como é possível observar, a própria Igreja reconheceu que havia utilizado John D.Lee como bode expiatório no final dos anos 50, no entanto, eles não quiseram tornar esta informação pública, porque as negações constantes e o distanciamento que eles se posicionavam do massacre era algo muito embaraçoso para eles.
Bem, então em 1940-50 uma mulher chamada Juanita Brooks que era uma mórmon devota começa a fazer pesquisas históricas e escreve um livro chamado de “Mountain Meadows Massacre”, onde ela faz um minucioso relato com detalhes históricos sobre o evento do massacre da montanha Meadows. Neste livro, ela reconhece que:
•    mórmons e líderes mórmons locais estavam envolvidos no massacre
•    era injusto jogar a culpa pelo massacre nos índios
•    após o massacre, ocorreu uma grande operação de encobertar os fatos pelos próximos 20 anos na Igreja em todos os níveis para evitar julgamentos e perseguições.
•    John D.Lee foi injustamente utilizado como bode expiatório
•    Queria publicar o secreto, batismo póstumo de John D.Lee

As Reações da Igreja...

•    Juanita Brooks foi...
•    ...marginalizada pelos membros locais e liderança
•    ...ameaçada de excomunhão pelo Elder Delbert Stapley
•    David O.Mackay negou o pedido de excomunhão dizendo “Deixem ela em paz
Mas ela pagou um preço alto por apenas escrever história factual, direta e honesta. Agora se avançarmos a história em cerca de 40 anos após escrever esta história vemos que a Igreja SUD na revista ‘Ensign’ de 2007 escreveu um artigo sobre o massacre de ‘Mountain Meadows’ aonde eles reconhecem que:
•    mórmons e líderes mórmons locais estavam envolvidos
•    que era injusto jogar a culpa no índios
•    apenas John D.Lee foi utilizado como bode expiatório e pagou pelo massacre
e eles foram até mais adiante, num maravilhoso e inspirado comunicado à impressa, Elder Henry B.Eyring é citado dizendo:
Manifestamos profundo pesar pelo massacre realizado neste vale à 150 anos desta data, e pelos incontáveis e desnecessários sofrimentos passados pelas vítimas, e sucessivamente por seus descendentes até o tempo presente. "
A distinta expressão de pesar nós devemos aos índios Paiute que injustamente suportaram a culpa principal por muito tempo pelo que ocorrido durante o massacre ", disse ele. "Embora a extensão do seu envolvimento é contestado, acredita-se que não teria acontecido sem a orientação e estímulo fornecido pelos líderes da igreja local e os membros." Élder Henry B. Eyrin, Apóstolo da Igreja SUD, 11 de setembro de 2007 - Anúncio da Igreja SUD por ocasião do 150º. Aniversário do Massacre de Mountain Meadows ocorrido em 11 de setembro de 1857

Infelizmente nenhuma desculpa foi dada a Juanita Brooks ou reconhecimento sobre esta apresentação do fato que ela foi punida por trazer todo o fruto de seus estudos a luz da verdade.

Mas pelo seu grande mérito, Jeffrey R.Holland, numa transcrição do ‘PBS’ – “The Mormons”
Foi citado dizendo:

[Juanita Brooks] provavelmente ajudou a Igreja a encarar algo que todos nós nunca desejássemos que tivesse acontecido” Jeffrey R.Holland, Apóstolo SUD, Transcrição do PBS – The Mormons
04 de Março de 2006

Então, ela foi punida e marginalizada por basicamente dizer a verdade.
Numa publicação mórmon não-oficial intitulada ‘Sunstone magazine’, o estudioso Levi Peterson é citado dizendo:
Em tudo isso, Juanita tornou-se algo maior do que simplesmente uma historiadora respeitável. Para vários mórmons que, cedo ou tarde, que aceitem a sua interpretação do massacre, ela tem servido como uma dramaturga e uma confessora. Ela confrontou-nos com fatos terríveis e decepcionantes, despertou-nos a tristeza eo arrependimento vicário, em seguida, levou-nos a compreensão e perdão aos nossos antepassados errantes. Igualmente importante, esta corajosa dona-de-casa tem inspirado e encorajado os não-conformistas e os protestantes de todas os tipos entre os mórmons. Inquestionavelmente, Juanita Brooks permanecerá famosa como um dos grandes campeões da liberdade de investigação e do debate aberto na história do mormonismo.”Levi Peterson, Sunstone Magazine, Issue 73

E o mais inspirador é talvez, como Juanita Brooks foi capaz de realizar este meticuloso trabalho de pesquisas históricas sendo mãe, dona-de-casa e professora, Claudia Bushman nos lembra de que:
Ela sempre manteve a tábua de passar roupas aberta e mantinha uma cesta de roupas sujas próximas a sua escrivaninha e quando alguém se aproximava, ela começava a passar a roupa,, então ninguém saberia o que ela estava escrevendo e para completar, Juanita iria viajar num ônibus durante a noite para fazer suas pesquisas em Salt Lake City ou na Biblioteca de Huntington
Claudia Bushman

Um tremendo sacrifício foi pago por esta mulher, por isto para mim esta incrível heróina mórmon, falou a verdade, inspirou os questionamentos sobre a Igreja SUD e sua liderança e sofreu grandemente por isto.

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2 comments:

Bruno Felix disse...

O batismo póstumo de John Lee é um sinal de revisão da posição da Igreja? Ou seria um dos tantos batismos póstumos que ocorrem na Igreja sem qualquer julgamento de valor sobre a possibilidade de exaltação do batizado (como o de Hitler, por exemplo)?

Anônimo disse...

Quantos batismos póstumos de excomungados vc conhece que a Igreja autoriza?

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