sábado, 17 de abril de 2010

Fawn Brodie, heróis SUD não-tradicionais - parte 4

Uma terceira pessoa que acredito ser uma herói mórmon não-tradicional é Fawn Brodie, e esta pode ser um pouco controversa para alguns. Fawn Brodie escreveu o livro “No Man Knows my History” que foi lançado na metade de 1940 e era uma biografia de Joseph Smith, agora esta biografia é provavelmente a mais controversa escrita dentro do mormonismo. Não foi escrita pela Igreja. E porque foi tão controversa?

•    Fawn Brodie era a sobrinha de David O. McKay-
Foi dada a ela a permissão de pesquisar nos arquivos da Igreja por seu laço de relacionamento com David O. McKay
•    Perdeu seu testemunho sobre a Igreja SUD enquanto estudava sobre a vida de Joseph Smith
-muito provavelmente pelas grandes diferenças que observou sobre o que era ensinado na Igreja na época como verdade sobre Joseph Smith e o que realmente se passou em sua vida, então em seu livro ela foi extremamente bondosa mostrando Joseph com respeito e reverência como um homem brilhante e talentoso mas também:

•    Mostrava Joseph Smith como um charlatão
•    Usava uma análise psicológica em seus temas
•    Foi excomungada por “heresia” 6 meses após a publicação de seu livro

E como forma a solidificar a possível “errônea” idéia controversa, Hugh Nibley escreveu uma resposta ao livro de Brodie chamado de “No Ma’am That’s Not History” , onde ele usa todos os tipos de táticas apologéticas para desacreditar o livro de Fawn Brodie onde eu acredito que ele não responde adequadamente nenhuma das questões e dados históricos levantados por ela. A réplica do livro está mais para um tipo de retórica criticando a autora pessoalmente e sua forma de abordagem.
Mas existem uma outra série de razões pelas quais Fawn Brodie foi tão controversa e está escrita na idéia de que acredito que na metade do século XX Fawn Brodie desmanchou a monolítica, encoberta e imaculada imagem de Joseph Smith, àquela que temos a tendência de idealizar:

•    Afirmou que Joseph Smith se envolveu com busca a tesouros enterrados – uma coisa que muitas pessoas não sabiam e não sabem hoje em dia
•    Discutiu as múltiplas versões da primeira visão de Joseph – que a maioria também não sabia a respeito e não o sabem até hoje.
•    Admitiu problemas com de historicidade do Livro de Mórmon(como a origem dos Americanos Nativos como asiáticos e não Israelitas, etc.)
•    Afirmou ligações entre as cerimônias templárias Maçônicas e as cerimônias templárias SUD
•    Admitiu a desordem da prática da poligamia de Joseph Smith – incluindo poliandria e outras coisas.

Se ela fosse um membro totalmente fiel e devoto da Igreja SUD, e tivesse encontrado todas estas coisas sobre Joseph Smith, tenho certeza de que ela não teria sido punida tão severamente por este livro por causa de seu conteúdo histórico. Agora é interessante fazer o exercício de avancar 60 anos no tempo...
Richard Lyman Bushman em 2006 publicou o Livro “Joseph Smith – Rough Stone Rolling” e neste livro ele:

•    Afirmou que Joseph Smith se envolveu com busca de tesouros enterrados
•    Discutiu as múltiplas versões da primeira visão de Joseph
•    Admitiu problemas de historicidade com o Livro de Mórmon
•    Afirmou ligações entre as cerimônias templárias Maçônicas e as cerimônias templárias SUD
•    Admitiu a desordem da prática da poligamia de Joseph Smith – incluindo poliandria e outras coisas
•    Inclusive ele cita e elogia Fawn Brodie em seu trabalho – e confia em muito de seu trabalho e por seus estudos.

Isto me lembra de uma experiência que eu tive uma vez lendo uma biografia de Martin Luther King Jr. Martin Luther King Jr. era visto por aqueles que escreviam livros de relatos históricos, os relatos idealizados de sua pessoa, como um homem de integridade, um reverendo e um pregador e nobremente lutou pelos direitos civis, foi colocado na cadeia, nos deu estes discursos maravilhosos e por fim deu aos negros os direito ao voto, etc. Mas quando eu li esta outra biografia sobre Martin Luther King Jr. Mostrou um outro lado obscuro dele, aonde ele se envolvia em adultério, prostituição, mostra ele até envolvido em orgias e há transcrições dele de quando Bob Kennedy pede a CIA para grampear sua linha telefônica aparecem uma grande quantidade de linguagem vulgar e profana ditas por Martin Luther King Jr. e eu não podia acreditar na grande discrepância de informações sobre o que eu acreditava sobre esta figura importante em relação a estes outros dados históricos diziam, daí eu voltei para o final de seu livro aonde o autor explicava o porque iria escrever aquelas coisas sobre Martin Luther King Jr. e ele cita o seguinte, que trago sempre comigo:

Idolatrando aqueles a quem honramos, não fazemos nenhum favor a eles ou a nós mesmos. Ao exaltar as realizações de Martin Luther King Jr. num conto de fábulas que repetimos todos os anos, nós falhamos ao reconhecer sua humanidade – seus conflitos pessoais e públicos-  que são semelhantes aos seus e aos meus. Ao idolatrar aqueles a quem honramos, nós falhamos em perceber que podemos ir adiante e realizar o mesmoCharles Willie

E eu gostaria de me utilizar das mesmas palavras de Charles Willie e dizer sobre Joseph Smith:

Idolatrando aqueles a quem honramos, não fazemos nenhum favor a eles ou a nós mesmos. Ao exaltar as realizações de Joseph Smith Jr.  num conto de fábulas que repetimos todas as semanas nós falhamos ao reconhecer sua humanidade – seus conflitos pessoais e públicos-  que são semelhantes aos seus e aos meus. Ao idolatrar aqueles a quem honramos, nós falhamos em perceber que podemos ir adiante e realizar o mesmo. E finalmente, nós nos colocamos numa posição de desilusão em massa quando descobrimos o Google.” John Dehlin, acréscimos em vermelho

Isto é porque Fawn Brodie, para mim é uma heroína. Ela nos ajudou a entender Joseph Smith de uma forma precisa, cuidadosa e honesta que nos permite apreciar melhor suas realizações como um mero mortal x super-herói, mas também nos dá incentivo de que nós também algum dia possa realizar grandes e maravilhosas obras.

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2 comments:

Marcelo Moreira disse...

Eu não colocaria Fawn Brodie na minha lista de heróis. Apesar de reconhecer (assim como Nibley reconheceu) que sua biografia foi mais suave do que a maioria dos historiadores não-mórmons haviam publicado até então, concordo com Nibley que sua abordagem não foi histórica. Psicobiografia não é biografia histórica, é tentar traçar um perfil psicológico de alguém, ou em outras palavras, definir um caráter de uma pessoa sem nunca a ter conhecido pessoalmente, fiando-se apenas em registros históricos e em seus próprios paradigmas.
E.g., logo em seus 1os capítulos Brodie aventa a hipótese que Joseph Smith repudiasse o trabalho braçal como fazendeiro, mas preferisse uma vida mais contemplativa, religiosa ou mística. Talvez ela se fiasse apenas nos "Hulburt's affidavits" sobre o caráter da família Smith, porém todo historiador reconhece que tais affidavits são negativamente enviesados, além da clara suspeita de terem sido parcialmente compilados pelo próprio Hulburt. Ela poderia ter se fiado mais nas próprias palavras de Hyrum Smith "Nunca ouvi nada mal sobre nossa família até que Joseph começasse a falar de suas visões..."
Documentos posteriores vindos de fontes neutras atestariam examente o oposto desta sua tese inicial. Joseph trabalhava duro como fazendeiro e era requisitado por muitos fazendeiros da região. Reconheço que Brodie não conhecia ainda tais documentos, mas a sua análise psicobiográfica apenas demostra mais seus próprios paradigmas do que os fatos propriamente ditos.
Quanto à comparação com a recente biografia de Richard Bushmann, isto seria comparar vinho com vinagre. Bushmann fala dos mesmos temas que Brodie também fala, porém as lentes estão sobre outro foco. Para exemplificar o que digo veja o comentário de um leitor não-mórmon da Amazon que leu os 2 livros e deixou o seguinte nas "reviews" sobre "Rough Rolling Stone"...

Marcelo Moreira da Silva disse...

...(continuação)

http://www.amazon.com/review/REENBEOTXRWZQ/ref=cm_cr_pr_viewpnt#REENBEOTXRWZQ

Por J. Swift

"Gostaria de começar minha revisão admitindo que eu não sou mórmon. Eu amo biografias de grandes pessoas na história. Eu li “Nenhum Homem Conhece Minha História” por Fawn Brodie. Cheguei até este livro por acidente. Percebi por algumas das revisões no Amazon que os Mórmons não gostam muito desse livro. Eu achei o livro muito bom, mas admito que ela retrate Joseph Smith sob lentes negativas algumas vezes. Porém eu pude ainda ver através destas lentes o suficiente para reconhecer um grande homem por trás dos ataques dela ao seu caráter.

”Rough Stone Rolling" é exatamente o oposto daquele livro. Richard Bushman usa muitas das mesmas histórias, mas não tem a mesma inclinação negativa. Entretanto ele ainda demonstra que Joseph Smith não era perfeito, o que eu admiro. Esta é a melhor biografia que eu um dia já li.

Este livro leva você através da vida de Joseph Smith. Desde um jovem fazendeiro em Nova Yorque que dobrou os seus joelhos e perguntou a Deus para mostrar-lhe o caminho, até o homem que foi baleado em Carthage como um mártir pelo seu chamado.

Se ele foi um profeta ou não está aberto para debate. Como cristão acredito que Deus é real e que Deus pode ainda hoje falar. Antes de ler a história de Joseph Smith, se alguém me perguntasse se ele foi um profeta, eu teria dito não. Após ler cuidadosamente sobre o homem eu responderia que isto não está fora do reino da possibilidade. Eu acredito que ele acreditava que ele era um profeta. Eu acredito que algumas coisas inexplicáveis aconteceram a sua volta nos primórdios da Igreja.

Quanto à questão se ele foi um grande homem ou não eu finalmente cheguei a uma conclusão. Eu acho que ele foi um grande homem. Ser surrado e coberto de piche e penas, e ainda pregar na manhã seguinte. Suportar calmamente perseguições e prisões, nunca comprometer o que você acredita mesmo em face da morte. Estas coisas são as próprias definições de um grande homem. O fato de que ele fazia com que algumas pessoas o repelissem porque ele brincava com crianças e gostasse de lutar e se divertir. Eu acho que isto apenas mostra um ser humano genuíno. O grande amor por seu povo ocasionou muito dos seus erros em vida. Como a idéia de todo mundo ter todas as coisas em comum e as suas empreitadas comerciais. Tudo o que fez foi com o seu povo em mente. Ele não apenas falava o discurso, mas caminhava o caminho. Eu encorajo todo mundo a ler este livro. Ainda que não seja por nada mais além de ler um livro bem escrito, é uma envolvente biografia de uma pessoa real muito mais interessante do que uma ficção."

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