quarta-feira, 5 de maio de 2010

Livro de Abraão, escrito por sua mão - parte 3

Joseph Smith começou a trazer um novo conceito de doutrina com o Livro de Abraão, ao contrário da Bíblia em Gênesis que dizia “Deus criou a terra” ele escreveu: “Os Deuses organizaram a terra”. Esta mudança representou algo significativo em sua lenta evolução do sistema metafísico e tem suas origens em seus novos conhecimentos adquiridos. A idéia da pluraridade de Deus ele trouxe das suas aulas de hebraico, onde ele aprendeu que Elohim, uma das palavras em hebraico para Deus, está no plural e logo concluiu que a Bíblia tinha sido mal traduzida. (Millenial Star, Vol.III, Liverpool, England, August, 1842, p.71, citado por Parley Pratt)

O outro conceito de que a terra tinha sido organizada de matéria já existente era melhor do que criada do nada. Até porque através de sua recente sede de conhecimento tinha lido o livro “The Philosophy of a Future State” do reverendo escocês Thomas Dick, 1774-1857, que era uma extensa dissertação em astronomia e metafísica (Sidney Rigdon cita publicamente este autor e seu livro em um artigo intitulado “The Saints and the World” no “Messenger and Advocate”, de dezembro de 1836, pp.422-3)

Thomas Dick defendia a tese de que a matéria era indestrutível e esta idéia foi suficiente para convencer Joseph e concluir que Deus havia feito os céus e a terra de materiais já existentes. Este tipo de doutrina deixaria sua igreja com um toque de originalidade, já que nenhum outro ministro pregava o mesmo.
As soluções para os problemas filosóficos em relação à astronomia com seus milhares de estrelas e distâncias incomensuráveis estariam resolvidas com à luz do Livro de Abraão, uma vez que seu autor daria ao texto uma imagem imaculada que dispensaria quaisquer dúvidas.
Abraão relata em seu livro que existe uma estrela Kolob que é onde o trono de Deus repousa e que uma revolução de Kolob é igual a mil anos na terra e que através desta revolução são contados os anos. Kolob e várias outras estrelas menores estão povoadas com espíritos que são eternos como a própria matéria.
Estes espíritos não são feitos do mesmo molde, mas diferem entre si  em qualidade de inteligência como as estrelas diferem umas das outras em magnetude.
Estes conceitos os quais se desenvolveram de maneiras variadas através de posteriores ensinamentos de Joseph Smith, vieram para nossa surpresa diretamente da tese de Thomas Dick, que havia especulado que as estrelas eram povoadas por “várias ordens de inteligências”, e que estas inteligências eram “seres em constante progresso” em variados estágios de evolução rumo a perfeição. Dick dizia ainda que em todas as probabilidades “os sistemas do universo giram em torno de um centro comum... o trono de Deus” (The Philosophy ot the Future State, Thomas Dick, Brooksfield, Massachusetts, 2nd.ed., 1830, pp.101, 230, 241 e 249)

O Livro de Abraão não só veio para esclarecer estas lacunas em relação ao sistema metafísico, mas também trazer explicação quanto a delicada questão das raças. O Livro do Mórmon já explicava sobre a pele vermelha dos índios nativo-americanos, agora os papiros egípcios desvendariam a questão dos negros.

Quando jovem, Joseph Smith já havia sido ensinado através do livro de geografia, como era comum, de que todas as raças do homem eram descendentes dos três filhos de Noé: Sem, Cão e Jafé. Noé havia amaldiçoado seu filho Sem, decretando que o filho de Sem, Canaã, deveria ser o “servo dos servos” entre seus irmãos.(Sacred Geography, Thomas T.Smiley, Philadelphia, 1824. – A cópia que pertencia a Joseph Smith pode ser vista na biblioteca da igreja reorganizada em Independence, Missouri) Esta estória era a que todos os pregadores do sul usavam para justificar a escravidão, estava agora sendo calcificada no livro de Abraão.

Nota do autor: Os livros citados como referência acima podem ser baixados em PDF gratuitamente na internet, para tanto, basta clicar nos links dos mesmos.

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2 comments:

Anônimo disse...

Olá, eu pertenço a igreja há 16 anos e estudando História em nível superior deparei com uma controvérsia sobre o livro de Abraão em PGV.
O fac-símile numero 1 onde se retrata um sacerdote egipcio tentando sacrificar Abraão, notei que o mesmo se encontra com as vestes de Anúbis (deus da ressurreição egipcia)Este deus é apresentado com a cabeça de um chacal e verifiquei na internet que existem pesquisas que colocaram a tradução dos papiros que joseph traduziu à prova e nada foi confirmado pelos arqueólogos e egiptólogos em relação a tradução. Os tais papiros foram encontrados e confirmados que pertenceram à Joseph Smith pelo Deseret News. Qual a explicação da Igreja a respeito de tais ataques contra a tradução de joseph smith. Sempre me disseram que esses papiros tinham sido queimados quando o Templo de Nauvoo foi incendiado.
Estou muito confuso tenho quase certeza que este livro de Abrão é uma fraude, por favor me ajudem. Abraços - aguardo respostas.

gabriel lereno disse...

temo pela dureza do caração dos homens, mas essas coisas ja foram profetizadas que haveriam, Alma, profeta do Livro de Mórmon, observou com propriedade: “Ora, podes supor que isto seja tolice de minha parte; mas (...) é por meio de coisas pequenas e simples que as grandes são realizadas; (...) e por meios muito pequenos o Senhor confunde os sábios e efetua a salvação de muitas almas”, não pensem que são Sábios de mais, pois estão sendo confundidos por seu próprio orgulho, mas mesmo que alguns não crerem, haverá a quem o senhor Salvar, e Sua Igreja Jamais será Destruida da face da terra.

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