quinta-feira, 13 de maio de 2010

O Livro de Abraão, escrito por sua mão - parte final

"Se a fé não suportar ser investigada, se os pregadores e professores têm medo de tê-la examinada, sua fundação deve ser muito fraca." George A. Smith, 1871, Journal of Discourses, Vol. 14, pg 216.

Ao contrário do Livro de Mórmon que foi entregue ao anjo Morôni, os rolos de pergaminhos juntamente com as múmias ficaram em exposição em Kirtland e em Nauvoo. Os papiros egípcios ficaram durante anos sem nenhuma perícia especializada por parte dos estudiosos. Após a morte de Joseph Smith ao Museu Wood, pensou-se que haviam sido destruídos no Grande Incêndio de Chicago. Este desastre daria um fim a qualquer chance de um estudo aprofundado nos artefatos. Mas como Joseph havia publicado três das facsímiles encontradas nos papiros juntamente com sua tradução em 1842 no 'Times and Seasons', datado de Março daquele ano, Vol.III e posteriormente adicionado ao livro A Pérola de Grande Valor, seria possível comparar a interpretação de Joseph dos hieróglifos com a de estudiosos formados no assunto.

Suas interpretações encontraram seu primeiro desafio em 1860, quando um viajante francês, Jules Remy, que se tornou interessado pelos mórmons chamou a atenção do estudante cóptico Theodule Deveria do Louvre. Remy organizou seu trabalho em duas colunas aonde de um lado descrevia a versão traduzida de Joseph Smith e do outro a versão traduzida por um egiptologista e a publicou em 1861 sob o título “A Journey to Great Salt Lake City”.

Logo após, uns seis egiptologistas mais influentes  foram requisitados para examinar as facsímiles publicadas pela Igreja SUD e concordaram de que se tratava de simples documentos funerários, que se podiam achar aos milhares em tumbas egípcias.

Em 27 de novembro de 1967, onze fragmentos dos papiros comprados originalmente por Joseph Smith, foram encontrados no Museu de Arte Metropolitana de Nova Iorque. Entre eles estavam a facsímile nº 1 e papiro nº 11, ambos importantes para a tradução do 1º.capítulo do Livro de Abraão até o capítulo 2:18 de Joseph Smith em Pérola de Grande Valor. Egiptologistas descobriram que a facsímile no.1, papiro no.10 e 11 e facsímile no.3 pertenciam ao mesmo rolo de pergaminho, escrito por um falecido chamado Hor. A facsímile no.1 original tem a cena do altar que vêm publicada na Pérola de Grande Valor e ladeando a figura, cinco linhas de hieróglifos. Quando traduzidas, estas linhas revelam os títulos de Hor, seu parentesco e aponta que ele é o morto deitado no altar (foto facsímile 1)

O próprio papiro, de número 11, novamente traz o nome de Hor, o nome de sua mãe Taikhibit e instruções de embalsamento da múmia (fig.5)
 Joseph utilizou deste papiro como fonte para Abraão capítulos 1 até 2:18. O próximo papiro, número 10, novamente identifica Hor a medida em que ele avança nos rituais funerários  (fig.6)
até terminar na facsímile no.3. Nesta, o nome de Hor aparece no topo e embaixo da ilustração mostrando-o na cena de seu julgamento com Osíris e outros deuses familiares aos ritos funerários. (fig.7)
 Acordo egiptólogos, estes papiros foram escritos durante o ano de 1a C. Os papiros não falam de Abraão, de fato, o nome “Abraão” não aparece em lugar algum desta narrativa.

Em 1967, a maioria dos SUD se adiantavam em receber a confirmação da tradução de Joseph Smith do Livro de Abraão como legítima. Os documentos egípcios haviam sido entregues a Hugh Nibley da Universidade de Brigham Young e entre janeiro de 1968 à maio de 1970, ele produziu uma extensa série de artigos sobre a cultura egípcia e tópicos de referência na revista da Igreja SUD,  a “Improvement Era”, no entanto,  nenhuma tradução dos papiros aparecia na revista. (A New Look at the Pearl of Great Price, Hugh Nibley, Improvement Era, Jan.1968-Mai. 1970). Nem mesmo qualquer menção clara do nome de Hor ou Abraão nos papiros foi identificada tanto na facsímile no.1, papiro 10 e 11 ou facsímile no.3. Obviamente o primeiro lugar à se procurar por interpretação das facsímiles seriam os hieróglifos situados imediatamente ao redor das gravuras. Nibley ignorou estes e ao invés preferiu focar sua explicação nos antigos rituais templários dos egípcios, mesclando culturalmente e geograficamente lendas Abraâmicas não relacionadas em cima de vários milhões de anos de história para demostrar que o Livro de Abraão tinha o apoio de algumas antigas tradições.

Como mencionado no início deste artigo, além do Livro de Abraão, Joseph tinha outros papiros que ele descreveu como sendo os escritos de José do Egito, estes explicarei em um outro artigo, mas por ora basta-me dizer que durante o tempo de vida de Joseph Smith ele não chegou a ter sua tradução dos papiros egípcios submetida a um completo e rigoroso estudo feito por parte de especialistas versados em cultura e tradução de hieróglifos mas muito provavelmente, mesmo que se tivesse não iria ter feito qualquer diferença, pois seria a simples palavra de uns estudiosos contra a palavra de Deus.

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1 comments:

Unknown disse...

Flauber, você poderia disponibilizar novamente as gravuras da matéria?

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