segunda-feira, 3 de maio de 2010

O Livro de Abraão, escrito por sua mão - parte 2

Vários papiros e onze múmias haviam sido encontrados em Tebas, Egito pelo italiano Antonio Lebolo entre 1818 e 1822 que os vendeu e as antiguidades foram enviadas a Nova Iorque que foram compradas por Michael Chandler em 1833. Nos dois anos seguintes Chandler começou a rodar as cidades do leste americano expondo e vendendo seus artefatos. Nestas andanças à negócios ouviu da reputação do jovem profeta em traduzir línguas antigas e em julho de 1835 Chandler chega a Kirtland para ver se conseguia ter seus papiros decifrados. Peritos em línguas antigas já haviam declarado os papiros como autênticos, mas com o limitado conhecimento que se tinha na época, apenas podia-se supor o seu significado.
É importante ressaltar que neste período de tempo a famosa Pedra de Roseta que possuía a chave para a tradução dos hieróglifos egípcios havia sido descoberta em 1799 por soldados franceses e consistiam num bloco de granito negro com inscrições cunhadas divididas em três seções onde foram reconhecidas como:

  • Hieróglifos egípcios
  • Demótico egípcio
  • Grego clássico

Como esta última era bem conhecida, a pedra se tornou a chave para a tradução dos caracteres egípcios, que não estava bem desenvolvida até a publicação dos estudos da pedra de roseta feitos por Champollion em 1837 na Inglaterra no John G.Wilkinsons Manners and Customs of the Ancient Egyptians, 1837.

Com todos os homens da cidade, agora interessados no estudo de línguas antigas, era certo de que Michael Chandler não somente teria seus papiros traduzidos mas como sua carga de antiguidades vendida aos SUD.

Não é difícil de imaginar a ansiedade de que todos na ocasião foram tomados ao terem na cidade aquele visitante com uma bagagem de antiguidades tão incomum. Múmias e papiros com inscrições antiquíssimas, o que estaria escrito naqueles pergaminhos? Que tipo de verdade e instrução poderiam estar encerrados naqueles papiros que se desenrolavam na frente de todos? Se alguém poderia desvendá-los, este deveria ser Joseph Smith que era já conhecido como o profeta, vidente e revelador e já havia mostrado seus talentos ao traduzir o egípcio reformado das placas de ouro do Livro de Mórmon. Uma inesperada e grande responsabilidade caíra sobre os ombros do jovem profeta e ele iria fazer o seu melhor para não decepcionar seu povo que agora estava ao seu redor com estes relatos egípcios aguardando sedento por mais conhecimento.

Existem dois relatos sobre a compra de duas múmias e dois pergaminhos e mais alguns fragmentos com inscrições de papiros feita pela Igreja na ocasião, um é contado por Josiah Quincy em seu livro “Figures of the past”, Boston, 1883, p.386 aonde relata que sua mãe havia comprado os artefatos “com o seu próprio dinheiro ao custo de seis mil dólares” enquanto que no diário de Joseph Smith lemos que foram comprados “por alguns dos santos” em Kirtland. (History of the Church, Vol.II, p.236)

No momento que os papiros chegaram às mãos do profeta, vários membros reconheceram de que este momento teria sido causado por interveniência Divina e em seu primeiro contato com aqueles caracteres egípcios Joseph pronunciou a todos dizendo de que se tratavam de dois relatos distintos, um teria sido escrito pelo próprio punho de Abraão e o outro os escritos de José do Egito.

Joseph Smith, ao contrário da outra vez, há sete anos atrás quando utilizou apenas de inspiração + pedra vidente  para a tradução do Livro de Mórmon, começou a formular uma coleção de livros conhecidos como “Kirtland Egyptian Papers” (KEP) que é formado por mais de 10 volumes que foram escritos pelas mãos de Oliver Cowdery, W. W. Phelps, Warren Parish, Willard Richards e Frederick G. Williams. Estes papéis continham o “Alfabeto e Gramática Egípcia” escrito pela mão de Joseph Smith aonde era dadas as chaves para a tradução de hieróglifos egípcios que sua confiabilidade é um outro assunto controverso tanto entre os historiadores SUD quanto aos historiadores seculares e que exploraremos este assunto com mais detalhes mais adiante.

Sua confiança neste método de tradução através de transcrição dos caracteres e posterior tradução de todo o documento teria uma vida curta, a exemplo de outros egiptologistas amadores de sua época, ele desistiu desta técnica e retornou ao método anterior de tradução ao ditar através de inspiração direta dos céus.

“Eu fiquei ao seu lado” escreveu seu secretário Warren Parish e “escrevi os hieróglifos egípcios que ele dizia receber através de inspiração vinda direto dos céus.” Carta de Parish em “Painesville Republican, datada de 05 de fevereiro de 1838 publicada no dia 15 de fevereiro, reimpresso em “Zion Watchman”, 24 de março de 1838.

Joseph nunca chegou a traduzir a segunda parte dos papiros que ele disse contar com a história de José do Egito. Ficou apenas na tradução do Livro de Abraão. A narrativa que resultou desta só veio a ser publicada em 1842, sete anos após terem sido comprados de Michael Chandler e se tratava de um breve relato da criação da terra e o início da história israelita, e esta história em sua maioria era um paralelo que se encontrava nos dois primeiros capítulos do livro de Gênesis. Joseph já havia trabalhado duas vezes com este livro anteriormente, uma quando escreveu o Livro perdido de Moisés e outra quando traduzia a versão inspirada do Velho Testamento. Desta vez, ele tinha que trazer a luz algo diferente, algo original e nada melhor do que ter como fonte escritos antigos oriundos do antigo Egito

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