segunda-feira, 31 de maio de 2010

As placas de Kinderhook, parte 2

Em 24 de junho a Igreja anunciou que “[O] conteúdo das placas, juntamente com a facsímile das mesmas, serão publicadas no 'Time and Seasons', assim que a sua tradução for completada”

(uma cópia deste folheto pertence a coleção H.Michael Marquardt (900/77:17), Divisão de Manuscritos, Biblioteca Marriot.

O trote das placas de Kinderhook começou a ser solucionada em 1855, quando W.P. Harris, uma testemunha que ajudou a desenterrar as placas escreveu:

Há alguns anos, eu estava presente juntamente com os outros próximo à Kinderhook e e ajudava a cavar na ocasião em que as placas forma encontradas...
As placas foram achadas numa cova pelo Sr.Fayette Grubb, eu lavei e limprei as placas e logo depois fiz um honesto depoimento sobre o ocorrido. Mas desde aquela época, Bridge Whitton me disse que ele cortou e preparou as placas e que ele (B.Whitton) e R.Wiley gravaram nelas eles próprios e que fora colocado ácido nítrico sobre elas na noite anterior... para enferrujar o  anel de metal. E as levaram para o montículo de terra, esfregaram-nas em sujeira e cuidadosamente as lançaram na cova aonde elas foram encontradas
.” W.P.Harris, carta à W.C.Flagg, 25 de abril de 1855, em “A Hoax: Reminescences of an old Kinderhook mystery”, Journal of the Illinois State Historical Society 5  (July, 1912):271-73. A carta não foi publicada até 1912. Em junho de 1879, Wilbur Fugate, outro do grupo original que descobriu as placas  - confessou que as mesmas haviam sido fabricadas. Fugate declarou que as placas eram uma:

[A] farsa que se levantara através de Robert Willey, Bridge Whitton e eu ... Whiton as cortou de pedaços de cobre; Wiley e eu fizemos os hieróglifos em cera de abelha e as enchemos com ácido e as colocamos nas placas. Quando estavam prontas, nos as colocamos juntas com ferrugem feita de ácido nítrico, ferro velho e as amarramos num aro de ferro, cobrindo-as totalmente com ferrugem... Wiley foi até o monte de terra onde ele havia previamente cavado um buraco de aproximadamente 2.5m, onde depositou uma pedra achatada que era oca na parte inferior e as colocou embaixo.Wilbur Fugate, carta à James T.Cobb, 30 de junho de 1879, em Welby W.Ricks “The Kinderhook plates” The Improvement Era 65(set. 1962):656, 658. Veja também “Fugate to Cobb, 8 de abril de 1978, em A.T.Schoeder Collection, State Historical Society of Wisconsin, Madison.

Alguns dos SUD se perguntaram se as declarações de Harris e Fugate eram verossímeis e apontavam para o fato de que os artefatos não tivessem sido avaliados por um examinador independente. Em 1920, uma das placas veio a ser encontrada de posse da Sociedade Histórica de Chicago. (Stanley B.Kimball, “Kinderhook plates brought to Joseph Smith appear to be a nineteenth-century Hoax” Ensign 11 (Agosto de 1981):68.

Dr.Lynn Johnson, um engenheiro de materiais da ‘Northwestern University’ e um SUD, conduziu alguns sofisticados testes eletrônico e químicos em uma das placas de Kinderhook e concluiu:

A placa de propriedade da Sociedade Histórica de Chicago, conhecida como a placa de Kinderhook, é feita de uma liga de bronze consistente com a tecnologia oriunda da metade do século 19. Os caracteres na placa foram formados através de gravações em ácido, provavelmente ácido nítrico.” Dr.Lynn Johnson, “Analysis of the Kinderhook plate owned by the Chicago Historical Society.”10pp., Nov.1980, cópia na coleção Marquardt (23:6)

Isto confirma as declarações feitas por Harris e Fugate sobre como as placas foram feitas e envelhecidas em abril de 1843.

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quinta-feira, 27 de maio de 2010

As Placas de Kinderhook, parte 1

 "Se a fé não suportar ser investigada, se os pregadores e professores têm medo de tê-la examinada, sua fundação deve ser muito fraca." George A. Smith, 1871, Journal of Discourses, Vol. 14, pg 216.

No dia 23 de abril de 1843, seis placas de latão foram encontradas por um grupo de indivíduos em um monte de terra próximo a região chamada Kinderhook no condado de Pike, Illinois. Seis dias depois, estas placas foram trazidas à presença de Joseph Smith, dada a sua experiência em tradução de escritos antigos e poder de revelação como profeta. Em uma carta escrita por um morador de Nauvoo chamado Charlote Haven, datada de 2 de maio daquele ano, ele descreve o seguinte à sua família:

Sr.Joshua Moore... último sábado(29 de abril)...trouxe consigo meia dúzia de finas peças de latão que parecem antigas, no formato de sinos de cerca de 11 ou 15cm de comprimento.. Elas possuem ranhuras que se assemelham à alguma escrita e estranhas figuras em forma de símbolos. Foram recentemente encontradas, ele diz, em um monte de terra distante poucas milhas de Quincy. Quando ele as mostrou à Joseph[Smith], este disse que as figuras ou escritos nelas eram semelhantes às utilizadas no Livro de Mórmon, e que se o Sr. Moore pudesse deixá-las com ele, as traduziria com a ajuda do poder de revelação.” Charlote Haven, “Letter to my friends”, 2 de maio de 1843, em “A Girl’s letter’s from Nauvoo”, Overland Monthly 16(Dez.1890):629-31

No dia 1 de maio de 1843, o secretário de confiança de Joseph Smith, Willian Clayton, casou o profeta com Lucy Walker e nesta mesma data, Clayton registrou a declaração de Joseph de que as placas de Kinderhook eram genuínas e que ele havia traduzido parte delas. Clayton escreve:

Eu vi seis placas de latão, as quais foram encontradas no condado de Adams por algumas pessoas que faziam escavações no local. Elas estão repletas de inscrições antigas contendo de 30 a 40 caracteres de cada lado das placas. Prest J.[Joseph] traduziu uma porção e disse que contêm a história da pessoa de quem encontraram e que era descendente de Cão, através do lombo do faraó do Egito, e que recebeu seu reinado do governante dos céus e a terra.James B.Allen, Trials of discipleship: The Story of Willian Clayton, a Mormon, Urbana(University of Illinois Press, 1987), 117.

O Apóstolo Parley P.Pratt escreveu de Nauvoo à seu primo, seis dias depois:

[S]eis placas com a aparência de latão, foram recentemente desenterradas de um montículo de terra por um cavalheiro da Pike Co. Illinois, elas são pequenas e cheias de gravações numa língua egípcia que contêm a genealogia de um dos antigos Jareditas do tempo de Cão, filho de Noé... Os cavalheiros que encontraram não são ligados à Igreja, mas trouxeram-nas à presença de Joseph para serem examinadas e traduzidas. [Um] grande número de cidadãos as viram e compararam os caracteres com àqueles dos papiros egípcios que agora estão na cidade.Parley P.Pratt, carta de John Van Cott, 7 de maio de 1843, arquivos, Departamento Histórico, A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Salt Lake City.

Joseph Smith ponderou o suficiente sobre a “história” deste Jaredita, descendente de Cão, ao contrário do que vários apologistas pensam a respeito do evento,  a ponto de pedir à um membro SUD – Reuben Hedlock para fazer uma xilogravura das placas para uma futura publicação. (Para ver as facsímiles destas placas e a defesa de sua autenticidade, veja Smith, History of the Church, 5:372-79)

(continua)
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terça-feira, 25 de maio de 2010

O Monte Cumora, um relato


O Livro de Mórmon relata que o Monte Cumora foi palco para grandes batalhas entre Nefitas e Lamanitas e anteriormente entre os Jareditas, aonde nesta primeira cerca de duzentos e trinta mil pessoas incluindo homens, mulheres e crianças foram aniquiladas.

Este terreno aonde se situa o monte, foi comprado pela Igreja SUD e fica em Palmyra, Nova Iorque. Lá hoje existem museus sobre o tema, visitas guiadas, capelas e o templo mais próximo é o de Palmyra. Veja o site para mais detalhes - Hill Cumorah & Historic Sites

Dentro da Igreja SUD, eventualmente ouvimos a estória sobre o monte Cumora guardar as placas de ouro do Livro de Mórmon juntamente com muitas outras placas de registros antigos, eu ouvi esta estória enquanto estava na minha missão e pesquisando encontrei o relato completo que dá origem a esta estória. Ela foi proferida em um discurso feito por Brigham Young e publicado no conhecido "Journal of Discourses", eis o discurso na íntegra:

Relato de Brigham Young sobre o Monte Cumora

 "Orin Porter Rockwell  é uma testemunha ocular de alguns poderes em retirar tesouros da terra. Ele esteve com algumas pessoas que moravam perto de onde as placas foram encontradas que continham os registros do Livro de Mórmon. Haviam grandes tesouros escondidos pelos nefitas...

Eu vivia no lugar aonde as placas foram encontradas, das quais o Livro de Mórmon foi traduzido, e eu sei de muitas coisas que pertencem a esse lugar. Creio que vou tomar a liberdade de lhes dizer de uma circunstância que será tão maravilhosa como tudo o que pode ser.

Este é um incidente na vida de Oliver Cowdery, mas ele não tomaria a liberdade de contar essas coisas em uma reunião como eu vou tomar. Digo essas coisas para vocês, e eu tenho um motivo para fazê-lo. Eu quero levá-los para os ouvidos dos meus irmãos e irmãs, e as crianças também, para que possam crescer no entendimento de algumas coisas que parecem ser completamente escondidas da família humana.

Oliver Cowdery estava com o profeta Joseph Smith quando ele devolveu as placas. Joseph não traduziu todas as placas, havia uma porção delas que estava selada, e você pode ler sobre isto no livro de Doutrina e Convênios, quando Joseph recebeu as placas, o anjo instruiu-o a levá-las de volta para o monte Cumôra,  e ele o fez.

Oliver disse que quando ele e Joseph foram  lá, a montanha se abriu e entraram em uma caverna, na qual havia um quarto grande e espaçoso. Ele diz que não sabia, na hora, se tiveram o auxílio da luz do sol ou luz artificial, mas que era como luz do dia. Eles colocaram as placas sobre uma mesa;  era uma grande mesa que estava na sala. Sob esta mesa havia uma pilha de placas, tão alta que chegava a dois metros de altura, e junto nesta sala estavam tantas outras placas que certamente encheriam muitos carroções, pois estavam empilhadas nos cantos e próximos as paredes. A primeira vez que foram lá a espada de Labão estava pendurada na parede, mas quando eles foram novamente, esta havia sido retirada e colocada sobre a mesa em cima das placas de ouro. Estava desembainhada, e nela estavam escritas estas palavras:

"Esta espada nunca será embainhada novamente até que os reinos deste mundo tornarem-se o Reino do nosso Deus e seu Cristo. "

Eu digo que estas experiências não vêm apenas de Oliver Cowdery, mas de outras pessoas que estavam familiarizados com ela, e que entenderam tão bem como nós entendemos que viemos a esta reunião, aproveitando o dia, depois nos separaramos e vamos embora, esquecendo-se mais do que é dito, mas lembrando-nos de algumas coisas. Assim é com as outras circunstâncias da vida.

Eu digo isto para você e quero que você entenda que, eu tomo a liberdade de lembrar destas coisas para que elas não sejam esquecidas e perdidas. Carlos Smith era um jovem com um testemunho tanto quanto qualquer outro jovem, e ele era uma testemunha destas coisas. Samuel Smith viu algumas coisas, Hyrum viu muitas coisas, mas Joseph era o líder.

Agora, você pode pensar que eu sou imprudente vindo à público dizer essas coisas, pensando que talvez eu deveria preservá-los em meu próprio peito, mas essa não é a minha natureza. Gostaria que o povo chamado Santos dos Últimos Dias entendesse algumas pequenas coisas que dizem respeito aos trabalhos e desígnios de Deus e seu povo aqui na terra. Eu poderia dizer-lhes muitos mais grandiosas, das quais todos nossos irmãos e irmãs, estão já familiarizados.
" Journal of Discourses, 26 vols. [London: Latter-day Saints' Book Depot, 1854-1886], 19: 37

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sábado, 22 de maio de 2010

Ninguém Sabe: A Estória Não-Contada dos Negros Mórmons

Poucas pessoas, mórmons e não-mórmons, estão cientes de que tem havido uma presença afro-americana na Igreja SUD desde seus primeiros dias, que a primeira caravana de pioneiros mórmons incluiu três afro-descendentes que foram batizados mórmons, e cuja descendência continuou ativa na Igreja há várias gerações.

Este documentário fala sobre o legado pouco conhecido, e se depara com questões difíceis que surgiram nos anos mais turbulentos do Movimento dos Direitos Civis, quando a Igreja havia restringido seu sacerdócio aos negros. Ele discute como essa restrição foi levantada e de como eram as vidas e os desafios dos modernos pioneiros mórmons negros. Além de sequências gravadas de uma filmagem feita em 1968 e muitas fotografias de arquivo raras, o documentário inclui entrevistas com estudiosos renomados, historiadores, mórmons negros, Martin Luther King III, e com o Dr. Cecil "Chip" Murray, ex-pastor da Primeira Igreja AME de Los Angeles, que foi fundada por um ex-escravo de pioneiros mórmons.

Este vídeo abaixo é o trailler do DVD que você encontra na página oficial


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sexta-feira, 21 de maio de 2010

Editora pára de publicar livro SUD

Um livro popular para os membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias está agora fora de circulação. Trata-se do conhecido ivro Doutrina Mórmon (Mormon Doctrine), escrito pelo apóstolo da Igreja SUD em 1958, Bruce R. McConkie. Nenhuma cópia será mais impressa. Segundo a editora, a Deseret Books, diz que é por causa de baixas vendas, mas vendedor Tony Weller diz que o livro ainda é muito popular.
-Bem, vamos vendê-los tão rapidamente como os adquirimos. Desde que está fora de catálogo, eles tem vindo em um ou dois de cada vez, mas quase sempre tem alguém esperando por uma cópia e nós notificamos imediatamente às pessoas quando chegam ", disse ele.

Para assistir a matéria exibida no noticiário local da CBS siga o link: reportagem do Doutrina Mórmon


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segunda-feira, 17 de maio de 2010

A Experiência Mórmon - Book Review

Aos eventuais interessados na história da Igreja SUD, um dos vários livros que quero recomendar hoje é o "The Mormon Experience" de autoria de Leonard Arrington e Davis Bitton

Leonard J. Arrington, como já mencionado aqui no capítulo 7 da série - Os Outros Heróis Mórmons, foi apoiado durante uma Conferência Geral em 1972 como historiador da Igreja SUD, foi Diretor Emérito do Instituto Joseph Fielding Smith de História da Igreja e da Universidade Brigham Young, tinha amplo acesso aos arquivos da Igreja e pouca revisão do seu trabalho, chefiou o seu próprio departamento histórico na Igreja SUD, tinha outros historiadores a sua disposição que ele mesmo contratou e escreveu uma interessante, honesta e muito franca história relacionando todas estas importantes fontes de estudo. Davis Bitton é um professor de história da Universidade de Utah e também é autor do livro "Guide to Mormon Diaries and Autobiographies and Les Mormons."

Eis algumas outras opiniões sobre seu livro:

"A melhor história do Santos dos Últimos Dias dirigido a um público geral, agora inclui um novo prefácio, um epílogo, e uma bibliografia após palavra.

"De longe o trabalho mais adequado para uso em sala de aula." - Lawrence Foster, autor de "Religião e Sexualidade: O Shakers, os Mórmons, e a Comunidade Oneida"

Dadas as credenciais dos autores, qualidade do material e riqueza de fontes históricas, este livro de Leonard Arrington é uma das fontes de conslta do blog Diário História SUD e altamente recomendada sua leitura.

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quinta-feira, 13 de maio de 2010

O Livro de Abraão, escrito por sua mão - parte final

"Se a fé não suportar ser investigada, se os pregadores e professores têm medo de tê-la examinada, sua fundação deve ser muito fraca." George A. Smith, 1871, Journal of Discourses, Vol. 14, pg 216.

Ao contrário do Livro de Mórmon que foi entregue ao anjo Morôni, os rolos de pergaminhos juntamente com as múmias ficaram em exposição em Kirtland e em Nauvoo. Os papiros egípcios ficaram durante anos sem nenhuma perícia especializada por parte dos estudiosos. Após a morte de Joseph Smith ao Museu Wood, pensou-se que haviam sido destruídos no Grande Incêndio de Chicago. Este desastre daria um fim a qualquer chance de um estudo aprofundado nos artefatos. Mas como Joseph havia publicado três das facsímiles encontradas nos papiros juntamente com sua tradução em 1842 no 'Times and Seasons', datado de Março daquele ano, Vol.III e posteriormente adicionado ao livro A Pérola de Grande Valor, seria possível comparar a interpretação de Joseph dos hieróglifos com a de estudiosos formados no assunto.

Suas interpretações encontraram seu primeiro desafio em 1860, quando um viajante francês, Jules Remy, que se tornou interessado pelos mórmons chamou a atenção do estudante cóptico Theodule Deveria do Louvre. Remy organizou seu trabalho em duas colunas aonde de um lado descrevia a versão traduzida de Joseph Smith e do outro a versão traduzida por um egiptologista e a publicou em 1861 sob o título “A Journey to Great Salt Lake City”.

Logo após, uns seis egiptologistas mais influentes  foram requisitados para examinar as facsímiles publicadas pela Igreja SUD e concordaram de que se tratava de simples documentos funerários, que se podiam achar aos milhares em tumbas egípcias.

Em 27 de novembro de 1967, onze fragmentos dos papiros comprados originalmente por Joseph Smith, foram encontrados no Museu de Arte Metropolitana de Nova Iorque. Entre eles estavam a facsímile nº 1 e papiro nº 11, ambos importantes para a tradução do 1º.capítulo do Livro de Abraão até o capítulo 2:18 de Joseph Smith em Pérola de Grande Valor. Egiptologistas descobriram que a facsímile no.1, papiro no.10 e 11 e facsímile no.3 pertenciam ao mesmo rolo de pergaminho, escrito por um falecido chamado Hor. A facsímile no.1 original tem a cena do altar que vêm publicada na Pérola de Grande Valor e ladeando a figura, cinco linhas de hieróglifos. Quando traduzidas, estas linhas revelam os títulos de Hor, seu parentesco e aponta que ele é o morto deitado no altar (foto facsímile 1)

O próprio papiro, de número 11, novamente traz o nome de Hor, o nome de sua mãe Taikhibit e instruções de embalsamento da múmia (fig.5)
 Joseph utilizou deste papiro como fonte para Abraão capítulos 1 até 2:18. O próximo papiro, número 10, novamente identifica Hor a medida em que ele avança nos rituais funerários  (fig.6)
até terminar na facsímile no.3. Nesta, o nome de Hor aparece no topo e embaixo da ilustração mostrando-o na cena de seu julgamento com Osíris e outros deuses familiares aos ritos funerários. (fig.7)
 Acordo egiptólogos, estes papiros foram escritos durante o ano de 1a C. Os papiros não falam de Abraão, de fato, o nome “Abraão” não aparece em lugar algum desta narrativa.

Em 1967, a maioria dos SUD se adiantavam em receber a confirmação da tradução de Joseph Smith do Livro de Abraão como legítima. Os documentos egípcios haviam sido entregues a Hugh Nibley da Universidade de Brigham Young e entre janeiro de 1968 à maio de 1970, ele produziu uma extensa série de artigos sobre a cultura egípcia e tópicos de referência na revista da Igreja SUD,  a “Improvement Era”, no entanto,  nenhuma tradução dos papiros aparecia na revista. (A New Look at the Pearl of Great Price, Hugh Nibley, Improvement Era, Jan.1968-Mai. 1970). Nem mesmo qualquer menção clara do nome de Hor ou Abraão nos papiros foi identificada tanto na facsímile no.1, papiro 10 e 11 ou facsímile no.3. Obviamente o primeiro lugar à se procurar por interpretação das facsímiles seriam os hieróglifos situados imediatamente ao redor das gravuras. Nibley ignorou estes e ao invés preferiu focar sua explicação nos antigos rituais templários dos egípcios, mesclando culturalmente e geograficamente lendas Abraâmicas não relacionadas em cima de vários milhões de anos de história para demostrar que o Livro de Abraão tinha o apoio de algumas antigas tradições.

Como mencionado no início deste artigo, além do Livro de Abraão, Joseph tinha outros papiros que ele descreveu como sendo os escritos de José do Egito, estes explicarei em um outro artigo, mas por ora basta-me dizer que durante o tempo de vida de Joseph Smith ele não chegou a ter sua tradução dos papiros egípcios submetida a um completo e rigoroso estudo feito por parte de especialistas versados em cultura e tradução de hieróglifos mas muito provavelmente, mesmo que se tivesse não iria ter feito qualquer diferença, pois seria a simples palavra de uns estudiosos contra a palavra de Deus.

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terça-feira, 11 de maio de 2010

O Livro de Abraão, escrito por sua mão - parte 4

Uma outra fonte de inspiração que se levanta para Joseph Smith e o Livro de Abraão é a publicação intitulada “The Works of Flavius Josephus” deste mesmo autor que era um historiador e apologista judaico-romano, 37d.C. a 100 d.C. e Oliver Cowdery chega a citá-lo nesta ocasião por três vezes na publicação “Messenger and Advocate”. No livro de Flavius Josephus ele descreve de como Noé, que teve problemas com seu filho, Sem, “amaldiçoou sua posteridade” enquanto que a linhagem de Abraão e outros “escaparam da maldição”. Joseph então expandiu a maldição original encontrada em Gênesis 9:20-27:

20 E começou Noé a ser lavrador da terra, e plantou uma vinha.
21  E bebeu do vinho, e embebedou-se; e descobriu-se no meio de sua tenda.
22  E viu Cão, o pai de Canaã, a nudez do seu pai, e fê-lo saber a ambos seus irmãos no lado de fora.
23  Então tomaram Sem e Jafé uma capa, e puseram-na sobre ambos os seus ombros, e indo virados para trás, cobriram a nudez do seu pai, e os seus rostos estavam virados, de maneira que não viram a nudez do seu pai.
24  E despertou Noé do seu vinho, e soube o que seu filho menor lhe fizera.
25  E disse: Maldito seja Canaã; servo dos servos seja aos seus irmãos.
26  E disse: Bendito seja o SENHOR Deus de Sem; e seja-lhe Canaã por servo.
27  Alargue Deus a Jafé, e habite nas tendas de Sem; e seja-lhe Canaã por servo.


 De forma a negar o sacerdócio aos negros em Abraão 1:21-26:

21 Ora, esse rei do Egito descendia dos lombos de Cão e, por nascimento, era participante do sangue dos cananeus. 
22 Dessa descendência nasceram todos os egípcios e assim se conservou o sangue dos cananeus na terra. 
23 A terra do Egito sendo, primeiramente, descoberta por uma mulher, que era filha de Cão e filha de Egitus que, em caldeu, significa Egito e quer dizer aquilo que é proibido; 
24 Quando essa mulher descobriu a terra, a terra estava debaixo da água; posteriormente estabeleceu seus filhos nela; e assim nasceu de Cão a raça que conservou a maldição naquela região. 
25 Ora, o primeiro governo do Egito foi estabelecido pelo Faraó, filho mais velho de Egitus, filha de Cão, e foi à semelhança do governo de Cão, que era patriarcal. 
26 O Faraó, sendo um homem justo, estabeleceu seu reino e julgou seu povo sábia e justamente todos os seus dias, procurando sinceramente imitar a ordem estabelecida pelos pais nas primeiras gerações, nos dias do primeiro reinado patriarcal, sim, no reinado de Adão e também de Noé, seu pai, que o abençoou com as bênçãos da terra e com as bênçãos da sabedoria, mas amaldiçoou-o com respeito ao Sacerdócio.

Mais a frente em seu livro, Josephus indicava Abraão como residente da Caldéia e como “uma pessoa de grande sagacidade”que “começou a ter mais noções de virtude do que os outros e que havia decidido renovar e mudar a opinião de todos que tinham sobre Deus”. As pregações de Abraão não foram bem recebidas. Eles “começaram a se rebelar contra ele... e com a ajuda de Deus, ele os deixou e veio habitar na terra de CanaãJosephus 1:7:38

Enquanto vivia em Canaã, a terra prometida à sua posteridade, Abraão deparou-se com a escassez, isto trouxe ele e sua esposa Sara ao Egito, onde ele foi buscar abrigo junto a esposa de seu irmão. O Faraó eventualmente lhe permitiu em “iniciar discussões com os mais versados entre os egípcios; das quais sua virtude e reputação o tornaram mais notório que já era... Ele lhes ensinava  aritmética ,ciência e astronomia, pois antes de Abrão vir ao Egito eles desconheciam estas áreas do conhecimento...

Estes escritos de Josephus que Joseph Smith tinha à sua disposição explica o porque, de após examinar o facsímile no.1, ele deve ter assumido que Abraão estaria sendo sacrificado por pregar contra os deuses pagãos, mas escapou com o auxílio Divino. Olhando para o outro papiro, a facsímile no.3, Joseph viu Abraão ensinando astronomia na corte do Faraó exatamente como Josephus indica em sua narrativa. Existem outros paralelos, mas vamos deixá-los para um momento mais adiante.

A fonte primária para os capítulos 2, 4 e 5 do Livro de Abraão é Gênesis 1, 2, 11:28-29 e 12. Sessenta e seis de setenta e sete versículos nesta seção de Abraão (86%) são citações ou parafraseados da versão do Rei Tiago da Bíblia. Os poucos nomes e palavras em hebraico no Livro de Abraão refletem o esmerado estudo da língua hebraica que Joseph Smith havia embarcado sob a direção de seu professor Joshua Seixas.

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quarta-feira, 5 de maio de 2010

Livro de Abraão, escrito por sua mão - parte 3

Joseph Smith começou a trazer um novo conceito de doutrina com o Livro de Abraão, ao contrário da Bíblia em Gênesis que dizia “Deus criou a terra” ele escreveu: “Os Deuses organizaram a terra”. Esta mudança representou algo significativo em sua lenta evolução do sistema metafísico e tem suas origens em seus novos conhecimentos adquiridos. A idéia da pluraridade de Deus ele trouxe das suas aulas de hebraico, onde ele aprendeu que Elohim, uma das palavras em hebraico para Deus, está no plural e logo concluiu que a Bíblia tinha sido mal traduzida. (Millenial Star, Vol.III, Liverpool, England, August, 1842, p.71, citado por Parley Pratt)

O outro conceito de que a terra tinha sido organizada de matéria já existente era melhor do que criada do nada. Até porque através de sua recente sede de conhecimento tinha lido o livro “The Philosophy of a Future State” do reverendo escocês Thomas Dick, 1774-1857, que era uma extensa dissertação em astronomia e metafísica (Sidney Rigdon cita publicamente este autor e seu livro em um artigo intitulado “The Saints and the World” no “Messenger and Advocate”, de dezembro de 1836, pp.422-3)

Thomas Dick defendia a tese de que a matéria era indestrutível e esta idéia foi suficiente para convencer Joseph e concluir que Deus havia feito os céus e a terra de materiais já existentes. Este tipo de doutrina deixaria sua igreja com um toque de originalidade, já que nenhum outro ministro pregava o mesmo.
As soluções para os problemas filosóficos em relação à astronomia com seus milhares de estrelas e distâncias incomensuráveis estariam resolvidas com à luz do Livro de Abraão, uma vez que seu autor daria ao texto uma imagem imaculada que dispensaria quaisquer dúvidas.
Abraão relata em seu livro que existe uma estrela Kolob que é onde o trono de Deus repousa e que uma revolução de Kolob é igual a mil anos na terra e que através desta revolução são contados os anos. Kolob e várias outras estrelas menores estão povoadas com espíritos que são eternos como a própria matéria.
Estes espíritos não são feitos do mesmo molde, mas diferem entre si  em qualidade de inteligência como as estrelas diferem umas das outras em magnetude.
Estes conceitos os quais se desenvolveram de maneiras variadas através de posteriores ensinamentos de Joseph Smith, vieram para nossa surpresa diretamente da tese de Thomas Dick, que havia especulado que as estrelas eram povoadas por “várias ordens de inteligências”, e que estas inteligências eram “seres em constante progresso” em variados estágios de evolução rumo a perfeição. Dick dizia ainda que em todas as probabilidades “os sistemas do universo giram em torno de um centro comum... o trono de Deus” (The Philosophy ot the Future State, Thomas Dick, Brooksfield, Massachusetts, 2nd.ed., 1830, pp.101, 230, 241 e 249)

O Livro de Abraão não só veio para esclarecer estas lacunas em relação ao sistema metafísico, mas também trazer explicação quanto a delicada questão das raças. O Livro do Mórmon já explicava sobre a pele vermelha dos índios nativo-americanos, agora os papiros egípcios desvendariam a questão dos negros.

Quando jovem, Joseph Smith já havia sido ensinado através do livro de geografia, como era comum, de que todas as raças do homem eram descendentes dos três filhos de Noé: Sem, Cão e Jafé. Noé havia amaldiçoado seu filho Sem, decretando que o filho de Sem, Canaã, deveria ser o “servo dos servos” entre seus irmãos.(Sacred Geography, Thomas T.Smiley, Philadelphia, 1824. – A cópia que pertencia a Joseph Smith pode ser vista na biblioteca da igreja reorganizada em Independence, Missouri) Esta estória era a que todos os pregadores do sul usavam para justificar a escravidão, estava agora sendo calcificada no livro de Abraão.

Nota do autor: Os livros citados como referência acima podem ser baixados em PDF gratuitamente na internet, para tanto, basta clicar nos links dos mesmos.

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terça-feira, 4 de maio de 2010

2a Conferência Brasileira de Estudos Mórmons

Conferência Anual da Associação Brasileira de Estudos Mórmons
29 de janeiro de 2011
São Paulo, Brasil

Chamada de trabalhos

"A história mórmon por uma perspectiva brasileira".

Durante a maior parte da história mórmon, o povo brasileiro estava olhando de fora seus principais acontecimentos, ao invés de agirem como participantes. Cerca de quase 100 anos após a publicação do Livro de Mórmon, os primeiros missionários chegaram ao Brasil, e só cerca de 150 anos após a fundação da igreja de Joseph Smith, o mormonismo passou a ter uma presença significativa no Brasil. Situações semelhantes são encontrados em toda América Latina. Ainda hoje, muitos latino-americanos experenciam o mormonismo através dos eventos nos EUA

O tema central a ser abordado nesta conferência é como brasileiros e outros povos na América Latina veem e reagem aos acontecimentos da história mórmon. Tópicos sobre este tema podem incluir:

  • as reações locais para a revelação da Igreja SUD sobre a extensão do sacerdócio a todos os homens;
  • os primeiros registros do mormonismo em meios de comunicação latino-americanos; 
  • o efeito de notícias acerca do mormonismo sobre as políticas de visto; 
  • percepções sobre o mormonismo durante a segunda metade do século XX na América Latina; etc..

A Associação Brasileira de Estudos Mórmons busca artigos e outras apresentações sobre estes e outros assuntos para a 2ª Conferência Brasileira de Estudos Mórmons, a ser realizada em 29 de janeiro de 2011, em São Paulo, Brasil. A Conferência será apresentada em português, espanhol e inglês, com tradução simultânea para aqueles que necessitarem. 
Convidamos os interessados a apresentarem propostas de trabalhos acadêmicos, paineis de discussão e outras apresentações acadêmicas sobre qualquer aspecto do mormonismo e da cultura mórmon. Embora esta conferência seja de natureza acadêmica, encorajamos trabalhos de estudantes, não-acadêmicos e amadores, que tenham apresentações relevantes a fazer. Encorajamos aqueles com experiência acadêmica limitada a fazer suas propostas e apresentarem seus artigos com antecedência para que possamos oferecer ajuda para uma maior qualidade da apresentação.

Os trabalhos inscritos podem ser acerca de qualquer assunto, contanto que envolvam o mormonismo, sua história, pessoas ou instituições, de uma forma significativa. Campos de estudos podem incluir História, Filosofia e Teologia, Sociologia e Antropologia, e todas as expressões da cultura, incluindo arte, música, literatura e cinema. Uma vez que conferências acadêmicas como esta são inéditas ou pouco acessíveis para a maioria do público, aceitaremos trabalhos já apresentados ou publicados em outros lugares.

Além das apresentações acadêmicas acima, a conferência é aberta a um número limitado de apresentações não-acadêmicas, como entrevistas, ensaios pessoais, discursos devocionais, filmes, performances dramáticas, leituras literárias, debates, esquetes cômicas, exposições de arte, apresentações musicais e outras expressões da experiência mórmon.
Inscrição de trabalhos

Aqueles que desejam apresentar ou organizar uma sessão para a conferência devem apresentar um resumo da sua proposta, até 01 de agosto de 2010. Os resumos devem ter aproximadamente 01 página de extensão (aproximadamente 250 palavras) e serem acompanhados de uma breve biografia ou currículo do autor. Os inscritos serão notificados pela comissão de avaliação sobre a aceitação de sua proposta até 01 de setembro de 2010.
Versões completas dos trabalhos aceitos devem ser apresentadas até 01 de dezembro de 2010 ou a aceitação poderá ser anulada.Como teremos a tradução simultânea das apresentações, são necessárias as versões completas, para que os intérpretes possam se preparar adequadamente. Sem essa preparação, apresentações podem durar até três vezes mais do que o planejado. Os trabalhos completos devem ser suficientes para um tempo de leitura de 25 a 30 minutos (aproximadamente 3.500 palavras).

Envie sua inscrição para os organizadores da conferência no endereço de e-mail: bmsc10@gmail.com

Informação sobre hotel e deslocamento

Iremos fornecer informações sobre o local e acomodações disponíveis até 01 de julho de 2010, por e-mail e pelo website Brazilian Mormon Studies

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segunda-feira, 3 de maio de 2010

O Livro de Abraão, escrito por sua mão - parte 2

Vários papiros e onze múmias haviam sido encontrados em Tebas, Egito pelo italiano Antonio Lebolo entre 1818 e 1822 que os vendeu e as antiguidades foram enviadas a Nova Iorque que foram compradas por Michael Chandler em 1833. Nos dois anos seguintes Chandler começou a rodar as cidades do leste americano expondo e vendendo seus artefatos. Nestas andanças à negócios ouviu da reputação do jovem profeta em traduzir línguas antigas e em julho de 1835 Chandler chega a Kirtland para ver se conseguia ter seus papiros decifrados. Peritos em línguas antigas já haviam declarado os papiros como autênticos, mas com o limitado conhecimento que se tinha na época, apenas podia-se supor o seu significado.
É importante ressaltar que neste período de tempo a famosa Pedra de Roseta que possuía a chave para a tradução dos hieróglifos egípcios havia sido descoberta em 1799 por soldados franceses e consistiam num bloco de granito negro com inscrições cunhadas divididas em três seções onde foram reconhecidas como:

  • Hieróglifos egípcios
  • Demótico egípcio
  • Grego clássico

Como esta última era bem conhecida, a pedra se tornou a chave para a tradução dos caracteres egípcios, que não estava bem desenvolvida até a publicação dos estudos da pedra de roseta feitos por Champollion em 1837 na Inglaterra no John G.Wilkinsons Manners and Customs of the Ancient Egyptians, 1837.

Com todos os homens da cidade, agora interessados no estudo de línguas antigas, era certo de que Michael Chandler não somente teria seus papiros traduzidos mas como sua carga de antiguidades vendida aos SUD.

Não é difícil de imaginar a ansiedade de que todos na ocasião foram tomados ao terem na cidade aquele visitante com uma bagagem de antiguidades tão incomum. Múmias e papiros com inscrições antiquíssimas, o que estaria escrito naqueles pergaminhos? Que tipo de verdade e instrução poderiam estar encerrados naqueles papiros que se desenrolavam na frente de todos? Se alguém poderia desvendá-los, este deveria ser Joseph Smith que era já conhecido como o profeta, vidente e revelador e já havia mostrado seus talentos ao traduzir o egípcio reformado das placas de ouro do Livro de Mórmon. Uma inesperada e grande responsabilidade caíra sobre os ombros do jovem profeta e ele iria fazer o seu melhor para não decepcionar seu povo que agora estava ao seu redor com estes relatos egípcios aguardando sedento por mais conhecimento.

Existem dois relatos sobre a compra de duas múmias e dois pergaminhos e mais alguns fragmentos com inscrições de papiros feita pela Igreja na ocasião, um é contado por Josiah Quincy em seu livro “Figures of the past”, Boston, 1883, p.386 aonde relata que sua mãe havia comprado os artefatos “com o seu próprio dinheiro ao custo de seis mil dólares” enquanto que no diário de Joseph Smith lemos que foram comprados “por alguns dos santos” em Kirtland. (History of the Church, Vol.II, p.236)

No momento que os papiros chegaram às mãos do profeta, vários membros reconheceram de que este momento teria sido causado por interveniência Divina e em seu primeiro contato com aqueles caracteres egípcios Joseph pronunciou a todos dizendo de que se tratavam de dois relatos distintos, um teria sido escrito pelo próprio punho de Abraão e o outro os escritos de José do Egito.

Joseph Smith, ao contrário da outra vez, há sete anos atrás quando utilizou apenas de inspiração + pedra vidente  para a tradução do Livro de Mórmon, começou a formular uma coleção de livros conhecidos como “Kirtland Egyptian Papers” (KEP) que é formado por mais de 10 volumes que foram escritos pelas mãos de Oliver Cowdery, W. W. Phelps, Warren Parish, Willard Richards e Frederick G. Williams. Estes papéis continham o “Alfabeto e Gramática Egípcia” escrito pela mão de Joseph Smith aonde era dadas as chaves para a tradução de hieróglifos egípcios que sua confiabilidade é um outro assunto controverso tanto entre os historiadores SUD quanto aos historiadores seculares e que exploraremos este assunto com mais detalhes mais adiante.

Sua confiança neste método de tradução através de transcrição dos caracteres e posterior tradução de todo o documento teria uma vida curta, a exemplo de outros egiptologistas amadores de sua época, ele desistiu desta técnica e retornou ao método anterior de tradução ao ditar através de inspiração direta dos céus.

“Eu fiquei ao seu lado” escreveu seu secretário Warren Parish e “escrevi os hieróglifos egípcios que ele dizia receber através de inspiração vinda direto dos céus.” Carta de Parish em “Painesville Republican, datada de 05 de fevereiro de 1838 publicada no dia 15 de fevereiro, reimpresso em “Zion Watchman”, 24 de março de 1838.

Joseph nunca chegou a traduzir a segunda parte dos papiros que ele disse contar com a história de José do Egito. Ficou apenas na tradução do Livro de Abraão. A narrativa que resultou desta só veio a ser publicada em 1842, sete anos após terem sido comprados de Michael Chandler e se tratava de um breve relato da criação da terra e o início da história israelita, e esta história em sua maioria era um paralelo que se encontrava nos dois primeiros capítulos do livro de Gênesis. Joseph já havia trabalhado duas vezes com este livro anteriormente, uma quando escreveu o Livro perdido de Moisés e outra quando traduzia a versão inspirada do Velho Testamento. Desta vez, ele tinha que trazer a luz algo diferente, algo original e nada melhor do que ter como fonte escritos antigos oriundos do antigo Egito

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